A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou o banimento de uso, em todo país, do ingrediente ativo endossulfam, agrotóxico utilizado no cultivo de café, cana-de-açúcar e soja. A indicação foi publicada por meio de Consulta Pública, em setembro de 2009 e teve por base estudos que apontam para graves danos de saúde relacionados ao uso da substância.
A iniciativa da Anvisa não deixa de representar um avanço, mas o que fazer com o metamidofós, o fosmete, o tiran, o triclorfom, a parationa metílica, o carbofurano, o forato, o paraquate, o acetato… ? Todas essas substâncias são amplamente empregadas em plantações de tomate ou batata e há décadas estão proibidas na Europa, Estados Unidos e diversos outros países. Mas continuam sendo usadas livremente nas hortas e lavouras do Brasil, apesar do potencial mortífero.
Que tal uma bela salada de tomates recheados à moda mexicana? Ou talvez uma deliciosa sobremesa de morangos da vovó? Quem sabe umas folhas de alface para a pele do bebê? Análises feitas pela própria Anvisa em 2007 mostraram que 40% do tomate, morango e alface vendidos nos supermercados brasileiros estavam com dosagens de agrotóxicos acima do limite considerado seguro.
Retrocesso, Perversidade e Incongruência
Em 2008, acatando ação movida pelo sindicato das indústrias de defensivos agrícolas (Sindag), a Justiça brasileira proibiu a Anvisa de prosseguir os estudos que verificavam a segurança de ingredientes ativos em 99 marcas de agrotóxicos usados no país. A decisão, do juiz Waldemar Claudio de Carvalho, da 13ª Vara Federal do Distrito Federal, representa um retrocesso para o país e uma perversidade para com as pessoas. O que deveria ser um caso para a Polícia Federal, transforma-se-se em batalha judicial na República da adulteração generalizada. Se a ciência descobre que determinadas substâncias são nocivas à saúde – seja de quem as consome, seja de quem trabalha diretamente com elas – é uma incongruência reavaliá-las por força de uma liminar.
Que o governo é ineficiente e relapso não há dúvidas, mas há também o lobby, a pressão e o poder econômico dos grandes monocultures e principlamente da indústria multinacional de agrotóxicos, com sua maldita cadeia de distribuição de herbicidas, fungicidas, pesticidas, formicidas e todas essas “cidas” que alimentam o agronegócio, adoecem a plebe, agridem o planeta e se sobrepõem aos interesses coletivos.
Contribuições às Consultas Públicas da Anvisa podem ser feitas pelo e-mail [email protected], pelo fax (61) 3462 – 5726 ou pelo endereço Agência Nacional de Vigilância Sanitária / Gerência-Geral de Toxicologia, SIA, Trecho 5, Area Especial 57, Lote 200, Brasília, DF, CEP 71.205.050.
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