Nós nos amamos?

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Hoje vou começar a escrever, utilizando-me de um dos métodos mais fantásticos quando se refere à procura da verdade no interior humano: a maiêutica socrática, conhecida também como “parto intelectual”. Para isso, volto-me para meus leitores e faço a seguinte pergunta: O que é o amor?

Do dicionário Michaelis: amor
a.mor
sm (lat amore) 1 Sentimento que impele as pessoas para o que se lhes afigura belo, digno ou grandioso. 2 Grande afeição de uma a outra pessoa de sexo contrário. 3 Afeição, grande amizade, ligação espiritual. 4 Objeto dessa afeição. 5 Benevolência, carinho, simpatia. 6 Tendência ou instinto que aproxima os animais para a reprodução. 7 Desejo sexual.

Temos também basicamente quatro palavras gregas para separar os vários tipos de amor: Eros, Storge, Philos e Ágape. Eros é conhecido como a famosa paixão. Está associada à atração física e sexual. Segundo pesquisas, a pessoa envolvida pelo amor Eros, não consegue controlar esse sentimento, que é intenso e irracional. Já o amor Ágape, que em grego significa altruísmo ou generosidade, é o amor sem interesses. Quem pratica o amor Ágape, entrega-se totalmente à relação, investe no relacionamento mesmo que esse não seja correspondido. É visto como uma forma incondicional de amar. O ato de Deus, em entregar seu filho unigênito para ser morto em favor dos homens, é uma demonstração cristã do amor Ágape. O nome da divindade grega da amizade é Storge, por isso a palavra chave desse amor é a confiança, além de entrosamento e compartilhamento. O amor vem de forma gradual, a atração física não é o principal e os relacionamentos são tranqüilos e afetuosos. Esse tipo de amor costuma ser duradouro e estável, ocorrendo principalmente entre grandes amigos e com uma enorme carga de conhecimento de um com relação ao outro. Philos é um sentimento manifestado por lealdade, igualdade, muito benefício e principalmente amizade. Mas Philos também vai além dessas manifestações e a dedicação desse amor pode chegar a ser mental, que é o caso do amor à sabedoria, no caso, Philosofia.

Padre Fábio de Melo também escreveu alguns trechos em que falava um pouco da sua concepção de amor, os quais faço questão de parafrasear aqui. Ele disse que amor que é amor dura a vida inteira, se não durar é porque nunca foi amor. Diz que o amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Que para se ter amor, é preciso ter perdão, e as pessoas que mais perdoamos, são aquelas que mais amamos. Diz ainda que o amor é a equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto." E para encerrar fala que o amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração que sozinhos jamais poderíamos enxergar.

Depois de tantas definições, eu volto à pergunta feita anteriormente: O que é o amor? Sei que a maioria das pessoas, mesmo depois de ler uma imensidão de palavras referentes ao assunto, ainda não terão seu próprio conceito preciso. Creio que o amor é um sentimento tão grande e sublime, que não cabe nos nossos padrões, não se limita às nossas meras e talvez erradas suposições.

Tudo isso só nos leva a adentrar em outro questionamento: Por que o amor tem se tornado tão banalizado? Dizer eu te amo se tornou tão comum quanto dizer bom dia, e isso não deve ser encarado como um acontecimento normal. Infelizmente, sabemos que muitas vezes isso não passa de modismos, clichês, superficialidades.
Por que a cada dia que passa aumenta o número de casamentos que chegam ao fim? Por que associamos o amor a duas pessoas de mesma cor, ou mesma classe social ou ainda de gostos iguais? Por que o amor vem embutido num conceito de ter olhos claros e corpo esbelto? Culpo a toda grande quantidade de decepções e descrenças existentes no quesito relacionamentos, à nossa falta de discernimento e capacidade de nos livrar das correntes imaginárias que foram presas em nós. É como O mito da Caverna de Platão, a realidade está ao nosso alcance, mas nós preferimos viver nas sombras e nas mentiras. E, aquele que resolver se virar para a luz será cruelmente julgado. Para entender o que estou falando, preste atenção a comentários como: “Nossa, ele é tão lindo e namora com uma menina tão feia”.

Finalizo dizendo que um dos enganos que mais se comete hoje com relação ao amor, é que geralmente quando uma pessoa diz que está amando outra, na mais pura verdade, ela está amando a si própria. E a isso não podemos chamar de amor, isso é egoísmo, e o amor de verdade exige doação. O amor é como o deserto, possui suas “miragens, e é preciso que saibamos reconhecê-las. Resumindo e terminando numa frase de Felipe Aquino: “O amor é hoje uma palavra tão mal usada, tão gasta, que é preciso ser redefinida para ser autêntica”
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