O Poder em Brasília segue delirante. Não bastasse a proposta para o ressurgimento da famigerada CPMF, o governo federal desta vez pretende criar um imposto sobre os livros. Por meio da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (CIDE), pretende-se impor um sobrepreço que incide sobre editoras, distribuidoras e livrarias. O efeito é óbvio: livros mais caros ao consumidor.
O deboche embutido na medida governamental é explícito. De acordo com a proposta, o dinheiro arrecadado seria usado, acreditem vocês, em programas de incentivo à leitura! Incoerência e cretinice absurdas. Ora, qual seria maior incentivo à leitura que baratear o preço dos livros?
Não é preciso muita astúcia para perceber que o hábito da leitura – já tão combalido no Brasil atual – diminuirá, ao invés de aumentar, se depender dos burocratas do planalto central. Num país de milhões de analfabetos, no qual o próprio presidente não é muito afeito à leitura, literalmente paga caro aquele que ainda ousa ler.
Por falar no presidente, na semana passada Lula causou espanto nas rodas intelectuais da corte ao afirmar que estaria lendo “Leite Derramado”, último romance de Chico Buarque de Holanda. Nada mais apropriado. O leite derramou faz tempo.
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