A imprensa noticiou: morreu e foi sepultado, em São Paulo, Frei Pedro Caxito, o mais paracatuense de todos os filhos de São Romão, cidade que fica nas barrancas do rio São Francisco. Ele faleceu na última terça-feira, 1º de Setembro, na capital bandeirante. Partiu deste mundo com a mesma serenidade com a qual aqui viveu. Amado pelos católicos como um homem Santo, apreciado e respeitado pelos praticantes de outros credos religiosos, Frei Pedro foi uma rara unanimidade nas décadas em que atuou como sacerdote em Paracatu.
Culto e inteligente, porém humilde, muito humilde, o Padre Carmelita tinha sempre um ombro amigo e uma palavra de consolo para quem a ele recorresse – sem se preocupar se a alma angustiada que o procurava professava o mesmo credo religioso seu ou não. Em sua bondade extrema, tratava todos, ainda que incrédulos fossem, como filhos de Deus, merecedores, portanto, do imenso amor cristão que tinha para dar, e que deu, incondicionalmente, a vida inteira.
Com sua fala serena, seus gestos calmos e sua imensa bondade, Frei Pedro conquistou o coração dos paracatuenses. As pessoas simples, humildes, chegavam a brincar e fazer anedotas envolvendo o seu nome. Estavam a dizer, à sua maneira, que aquela autoridade religiosa, afinal, era alguém como elas, com sua luta, com a sua pobreza, com os seus momentos de humor singelo e ingênuo, com as angústias e incertezas humanas, mas com certezas divinas.
Lembro-me de um desses momentos bem humorados, não sei se devidamente ou indevidamente atribuídos ao sacerdote. Dizem que, em razão da sua pureza e da sua boa vontade em ajudar o próximo, Frei Pedro era sempre procurado para dar conselhos e esclarecer dúvidas. Numa dessas oportunidades, alguém teria perguntado: “Frei Pedro, é pecado moça e rapaz solteiros dormirem juntos?” Ao que o sacerdote teria respondido: “não, meu filho. Dormir junto não é pecado, não. Pecado é se os dois ficarem acordados…”
Descanse em paz, Frei Pedro Caxito…
