Levantei ainda cedo e logo percebi que algumas coisas estranhas estavam acontecendo. Saí à rua e vi as pessoas utilizando máscaras, luvas e carregando na cintura vasilhas com álcool e vários outros tipos de desinfetantes. Estendi a mão para o vizinho para cumprimentá-lo, mas ele preferiu fazer um aceno de longe e seguiu seu caminho apressadamente.
Dirigi-me então à escola, mas fui surpreendido pelo silêncio que reinava no prédio. Não encontrei ninguém nem para dizer o que estava ocorrendo. Percebi então alguns cartazes que diziam que as aulas foram suspensas por tempo indeterminado por causa da Gripe A.
Voltando, percebi que os ônibus também não estavam circulando . Liguei o rádio e ouvi o locutor avisando insistentemente que as pessoas estavam proibidas de utilizarem o transporte coletivo, pois a aglomeração nos coletivos e o simples fato de tocarem nos bancos ou em qualquer lugar do ônibus seria suficiente para contraírem o vírus.
Fui à Igreja. Ao chegar, não encontrei a costumeira acolhida na porta da capela. O padre pedia para que as pessoas não se abraçassem, que não se tocassem. Disse que não haveria o abraço da paz e que também não haveria comunhão , para evitar contaminação. As pessoas procuravam guardar uma distância de pelo menos dois metros umas das outras, mesmo utilizando máscaras e luvas.
O cheiro de álcool era insuportável em todos os lugares e as pessoas faziam filas nos supermercados e nas farmácias da cidade à procura do produto. Ninguém trabalhava e também era proibido viajar. Não se viam mais casais de namorados na praça e os cartazes diziam que era proibido qualquer contato físico, inclusive beijar. Não havia mais feira, futebol, bailes ou qualquer tipo de festa. A cidade estava quieta, paralisada.
Um anúncio sonoro avisava também que era proibido cantar, que as pessoas deviam evitar qualquer tipo de diálogo e que o isolamento era o melhor remédio. A angústia começou a tomar conta de mim. Não podia falar com ninguém e percebi que as pessoas fugiam sem saber para onde, perdidas, isoladas . Acuado e com medo, comecei a gritar, mas parecia que as pessoas não me ouviam. Gritei mais alto e, de repente, senti que alguém me tocava e dizia: “ Acorde, acorde!”. Acordei assustado, ofegante. Minha esposa disse que eu estava tendo mais um dos meus pesadelos.
Percebi então que tudo estava na mais perfeita normalidade: a gripe e a histeria popular não havia chegado a tanto. Li em um panfleto que para evitar a gripe Influenza H1N1 deveria tomar os cuidados básicos de higiene: lavar as mãos frequentemente com água e sabão, evitar tocar nos olhos, boca e nariz após contato com superfícies, não compartilhar objetos de uso pessoal e cobrir a boca e o nariz com lenço descartável ao tossir e respirar. Interessante, estes cuidados nós não deveríamos tomar sempre, independente dessa pandemia que assusta todo o mundo?
É melhor que eu durma de novo e torça para que este pesadelo nunca se transforme em realidade.
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