Segundo observadores experientes, a bancada oposicionista na câmara de Paracatu está acertando e errando politicamente. Acerta quando cumpre seu papel e se opõe ao governo do prefeito Vasco Praça Filho. Erra quando exagera na dose. Carrega nas tintas e atinge a pessoa do prefeito, dando, assim, a idéia de ser uma oposição raivosa.
Esse filme não é novo. Silvano Avelar, apesar de ter sido um dos melhores quadros do parlamento local no passado, enfrentou dificuldades quando pregaram nele o rótulo de radical. Gaspar Chaveiro e Heitor Campos Botelho exageraram quando vereadores, e não foram reconduzidos à Câmara. Ragos Oliveira soltou os cachorros nos mandatários. Foi reeleito vereador, mas com votação apertada. Mais que oposição, todos eles carregaram nas tintas.
O eleitor de Paracatu parece buscar inspiração na sabedoria popular que ensina: “quando duas facções brigam, existem três lados na questão: o lado de uma, o lado de outra, e o lado certo”. Assim, o eleitorado não costuma apoiar nem quem está apanhando nem quem está batendo.
Na Câmara atual, o vereador Vânio Ferreira cresceu quando fez belos pronunciamentos, com textos bem elaborados. A seguir, assumiu o caudal da insatisfação com os salários pagos aos servidores (baixos) e ao prefeito e secretários (altos). Mas depois, dentre outras coisas, deu guarida a quem bombardeou uma educadora pública que cobrou dos alunos e pais contribuição para a realização de um evento escolar. Estava certo, vá lá, mas comprou briga desnecessária com uma parte dos educadores que são compelidos a essa prática, tanto na rede pública quanto na rede particular.
Silvio Magalhães é um rapaz educado, elegante, evangélico. No entanto, em reunião na Câmara, foi deselegante, para dizer o mínimo, ofendendo a secretária de educação Zequinha, que além de ser mulher, mãe e intelectual de valor, ajudou na formação de gerações inteiras e já brigava pela causa educacional quando Silvio ainda estava nas fraldas.
Graça Jales é uma mulher bonita, inteligente, a quem a cultura de Paracatu deve muito. Só que, ao invés de levantar a bandeira da cultura, causa esta à qual poucos têm tanta autoridade para defender quanto ela, vem optando pela oposição, por vezes dura, em primeiro plano. Resta Rosival Araújo. Este, se adotar postura mais contundente ninguém irá estranhar, já que vem da luta sindical, onde os enfrentamentos mais acirrados são normais.
Mais que fazer oposição, a bancada oposicionista está exagerando na dose e nas palavras. Sorte do prefeito Vasquinho, que, tal qual Almir Paraca anos atrás, poderá assumir o papel de vítima. Moral da história: no afã de atingir o prefeito, a oposição muitas vezes tem sido como o caçador desastrado dos velhos tempos, que atirava na codorna e acertava no cachorro. Quem tem ouvidos, que ouça…