Depois de algum tempo você percebe que é preciso olhar para trás e aprender com o seu sábio e às vezes doloroso passado. É preciso superar os erros, que nem sempre são seus, mas que as marcas, como um sinal de culpa, estão em seu corpo.
Acaba descobrindo que a pessoa com quem sonhava em mudar o mundo acaba partindo ao amanhecer e deixando a cama desarrumada igual na manhã passada. Com os olhos úmidos, você dobra o lençol e guarda o travesseiro que ainda reservam aquele cheiro do suor.
Os raios que entram pela pequena fresta da janela anunciam que o dia chegou, é preciso levantar e lutar. Ao tentar pegar as suas armas, vê a espada sem lâmina e o escudo quebrado, já está indefeso para o combate, mas o mundo não parou, ele ainda dança a eterna valsa em sua porta.
É quando se abre a janela, quando se deixa a luz entrar, que se percebe que o teto é azul, que a pequena plantinha ainda sobrevive, que a borboleta saiu do casulo, que o vizinho já foi comprar o pão e que ninguém tirou o retrato da cabeceira. Ao olhar pela janela, ainda com os olhos repulsando a luz, é possível ver que do outro lado dançam em seu lugar, cada passada daquela valsa pertence a você.
Corra e retire do guarda-roupa aquele velho sapato que ainda lhe serve, abra a porta e vá ocupar o seu lugar naquela dança. Sinta o som da vida, ouça os pássaros, eles não estão ali por sua causa, mas você pode fazer deles a sua sinfonia.
E dance, simplesmente dance com a vida, dance como nunca dançou antes e não espere que ela te chame pra próxima música, depende de você continuar valsando e conduzindo-a para as próximas melodias.