Revista destaca “Belezas do Rio Paracatu” em reportagem

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O Rio Paracatu possui 438 km de extensão, que apesar de combalidos pela pesca predatória ainda assim proporcionam em determinadas regiões uma bela pescaria e lindas paisagens que encantam a nossa alma. Antes mesmo de chegar às margens do Paracatu, o pescador cruza o Rio do Sono.

Neste local o rio acorda com muita energia de seu descanso e rasga uma pedreira com suas águas, que formam uma fantástica paisagem onde a “água mole em pedra dura” esculpiu um monumento na natureza. A mistura de cachoeiras com pedreiras fantásticas deu ao local uma beleza ímpar que toca a alma de quem conhece.

Lester Scalon, pescador do nosso staff, com a companhia do irmão Laurence Scalon revela como foi a sua pescaria diante tanta beleza em meio as incríveis paisagens.

Dificuldades

Com o nível acima do normal pelo excesso de chuva e água um pouco mais turva que o desejado, a dificuldade de encontrar os dourados, nosso objetivo nesta pescaria, ficou clara logo na chegada. O meu parceiro de pesca era o meu irmão Laurence, que já conhecia a região. Fomos diretos aos pontos onde ele teve sucesso em pescarias anteriores, mas sem nenhuma ação à tarde toda.

Ao final do dia tivemos a certeza absoluta da dificuldade a ser enfrentada. Com o nível da água acima do normal, os “pontos” de pesca se modificam drasticamente, pois os peixes procuram outros locais. A água mais turva que o desejado piorava a nossa situação. Resolvemos que logo de manhã iríamos descer o rio em direção à barra do Rio do Sono. Nesta região, em pescarias anteriores, o Laurence teve sucesso com muitos e belos dourados de até 10 kg, o que me deixou entusiasmado.

Recompensas
Logo o entusiasmo virou decepção, pois dos dourados nem notícia. Porém, a fantástica beleza das praias na barra do Rio do Sono com o Paracatu nos fez adentrar por suas águas. Raso e de difícil navegação na maioria dos trechos devido à quantidade de areia, apesar do nome o rio tem boa velocidade de água. Quanto aos peixes somente um ataque na minha isca de superfície e um pequeno dourado fisgado pelo Laurence, que escapou. Mas a beleza do local valeu o nosso esforço, pelas praias, aves, borboletas e lindas paisagens. Ali a natureza estava em festa.

Já estávamos atrasados quando voltamos à barra e encontramos com um pescador profissional que nos deu uma “bela” noticia: ele não estava pescando porque o peixe estava sumido; não precisávamos de noticia mais animadora!

Um rápido almoço e a tarde já estava caindo. Trocamos idéias, avaliamos situações parecidas e decidimos pescar em locais mais rasos, já que os tradicionais piaus e piaparas também estavam sumidos. O sol já estava se pondo quando o Laurence fisgou um belo dourado na rasura, só que depois de muita briga a linha passou em um sarão submerso, deu um salto e adeus à nossa pretensão de tirar uma foto!
Apesar de tudo, nosso dia se encerrou com um fantástico pôr do sol, paisagem que sempre reconforta nossa alma e nos faz pensar que alguém maior que tudo ainda organiza este mundo que estamos destruindo.

Já era noite quando estávamos jantando e avaliando as dificuldades que enfrentávamos. Pescamos em todos os locais possíveis — galhadas, cabeças de pedras, travessões (e lá existem muitos), entradas e saídas dos poços, e nada. Somente os douradinhos do Rio do Sono e o belo dourado fisgado pelo Laurence, que escapou. Um dia inteiro de pescaria e “ninguém”, digo ninguém porque vários barcos de outros ranchos estavam pescando, e dos dourados nem noticia. Como diziam os ribeirinhos ,“o peixe tá viajando”.

A experiência
Num rio como o Paracatu não tem como o dourado se esconder de quem tem conhecimento, se houver alguns na região, mesmo poucos, é só batalhar que acabam aparecendo. É nesta hora que a experiência de uma vida inteira pescando joga a favor. Decidimos que levantaríamos antes do sol sair, iríamos pescar com menos luz em locais mais rasos ainda, de até 30 cm, e antes de começar o movimento de barcos no rio. Só que esses lugares situavam-se nas pedreiras entre os sarões (vegetação aquática que cresce em meio às pedras). É difícil se movimentar com o barco e, para piorar ainda mais a situação, uma frente fria chegou, jogando a temperatura lá pra baixo.

Antes das 6h estávamos no rio, com a visão limitada pela neblina, por causa da hora. No primeiro arremesso entre os sarões, um pequeno dourado foi fisgado, deu uns dois saltos, nos desejou bom dia e se foi. Em princípio, nossa decisão estava correta.

A cada descida no ponto escolhido dávamos um tempo para descer de novo. O local, muito raso, precisava de um tempo para que os peixes se acomodassem novamente. O sol estava conseguindo romper a neblina quando a batida veio seca. Já no primeiro salto o grande dourado mostrou que a briga não seria fácil. Achei que buscaria um local mais fundo procurando o meio do rio, pois a profundidade onde estávamos mal molhava o joelho. Com a dificuldade de manobrar o barco por entre os sarões, desci na água e o Lau segurou o barco num deles para ficar de apoio. Mas não foi preciso, pois depois de muita luta começou a cansar.

Com a câmara na mão, Laurence já estava a postos para registrar as imagens. O sol havia vencido a neblina e agora iluminava o final da minha luta com o grande peixe. Por mais peixes que a gente capture nunca um é igual a outro, nunca a emoção é a mesma. Havíamos vencido a batalha graças aos nossos conhecimentos; tínhamos merecido. Esta é a magia da pesca esportiva, em que devolver nosso oponente para a água não deveria ser somente uma obrigação moral e de gratidão, mas de lei.

O Laurence também conseguiu seu belo peixe e eu mais um pequeno dourado. Ficamos com a sensação de que quando as dificuldades são maiores, e nosso conhecimento é posto em cheque, a captura de um exemplar tem muito mais “sabor”. É muito gratificante para quem ama a pesca vencer a “batalha” pelos próprios méritos. Foi mais uma aventura para ser anotada no livro da memória e da experiência que com certeza ainda há de servir em futuras pescarias ao logo de nossas vidas.

Voltamos para casa mais satisfeitos do que se tivéssemos capturado um número enorme de dourados. Nesta pescaria foi exigido um grande conhecimento e experiência em relação aos dourados, e felizmente a gente os tinha adquirido durante uma vida toda. Mas, como sempre é tempo de aprender, agora acrescentamos um pouco mais para enfrentar futuras situações difíceis, que, com certeza, virão, pois os peixes diminuem a cada dia em nossos rios e a grande maioria dos pescadores ainda insiste e sente prazer em dizimá-los.



As belezas do Rio Paracatu
Uma exuberante região onde o rio e seu afluente Rio do Sono proporcionam uma bela pescaria
Por: Lester Scalon
Foto/Ilustração: Laurence Scalon
XMCred Soluções Financeiras
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