Tradicional Cachaça de Rapadura agora é patrimônio imaterial de Paracatu

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Diferentemente da cachaça comum, feita com caldo de cana, a Aguardente de Paracatu se destaca pelo uso da rapadura em seu processo de produção. Feita em pequenos alambiques que preservam métodos artesanais, a bebida possui um sabor único e consolidou-se como um dos símbolos culturais da cidade. Essa tradição existe há mais de cem anos, com conhecimentos transmitidos de geração em geração.

A escolha do termo “Aguardente” foi uma decisão estratégica dos produtores da Associação dos Produtores de Cachaça do Vale do Paracatu para atender às exigências do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), facilitando a regularização e a comercialização da bebida.

 O  modo de fazer aguardente de rapadura foi registrado como Patrimônio Cultural e Imaterial do município em uma reunião do Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (COMPHAP), realizada em dezembro de 2024. Para proteger esse patrimônio cultural, a Secretaria de Cultura, em parceria com o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (IEPHA), elaborou um plano de salvaguarda. O objetivo é valorizar os produtores, preservar a identidade cultural do município e garantir a continuidade da produção artesanal.

” O município totaliza oito registros de imaterialidade, sendo eles: o modo de fazer o pão de queijo, os modos de fazer as 12 quitandas de Paracatu, o modo de fazer as quitandas dos quilombos, o registro do modo de tecer e fiar, o registro dos ternos de folia de reis, a catira, a caretagem e agora a nossa cachaça”, destacou o secretário de Cultura e Turismo, Igor Diniz.

De acordo com a Secretaria da Cultura, até agora, oito produtores foram cadastrados, porém estima-se que o número real seja bem maior. O cadastro segue aberto e as informações ajudarão no planejamento de políticas públicas e na preservação do modo tradicional de produzir aguardente.

Interessados podem solicitar o formulário de registro por e-mail. [email protected]

Origem da Cachaça de Rapadura de Paracatu
Poucos sabem, mas cachaça originalmente era o nome usado para denominar um destilado produzido em Portugal e Espanha, a partir da borra da uva. Durante o Brasil Colônia, por volta de 1600, surgiu um destilado feito a partir da cana-de açúcar, que denominado de aguardente, que no decorrer dos séculos seguintes, essa bebida tornou-se um produto de grande comercialização da colônia. Com o tempo, a aguardente de cana passa a ser popularmente cachaça.

Em Paracatu, os primeiros registros escritos encontrados sobre a bebida até o momento remontam ao início do século XX, seja em anúncios de jornais e informações de tributos. Nessa época, a produção da bebida já estava bem avançada e o produto já era comercializado nas principais casa de comércio de Paracatu. Por exemplo, no somente no primeiro semestre de 1916, foi registrada a comercialização de 15.680 litros de aguardente na cidade. Em 1920, são registrados 20 produtores de aguardente e, em 1947, estavam cadastradas 12 fábricas. Nesse início de século, destaca-se a produção da Fazenda Pouso Alegre, onde era produzida inicialmente a Paracatulina (início do século XX) e, mais adiante, Segura o Tombo e Creolinha. Nota-se que garrafas dessas bebidas já registravam o uso da rapadura em seu processo de produção.

Na segunda metade do século XX, passa a ter destaque a bebida do produtor João Pires de Oliveira – Seu Joca e sua bebida “Pinga do Seu Joca”, que era produzida em pequena escala. Em sua homenagem, no início do século XXI, seu aprendiz, Flávio Botelho, lança a cachaça “Sô Joca”, sendo reconhecida por sua notória qualidade. Com o falecimento de Flávio Botelho em 2019, a produção da cachaça foi interrompida.

Com a virada para o século XXI, a produção de cachaça passa a ser reconhecida e incentivada pelo Governo do Estado e o Governo Federal passa a pleitear internacionalmente a cachaça como indicação geográfica e produto distintivo do Brasil, realizando acordos de reconhecimento com os Estados Unidos e o México.  Sob esse contexto de valorização, foi criada a Associação dos Produtores de Cachaça do Vale do Paracatu e realizadas edições da Feira da Cachaça de Paracatu. O registro da Aguardente de Rapadura como patrimônio imaterial surgiu a pedido de seus produtores, com o intuito de mobilizar em busca de mercado e reconhecimento.

Referencias bibliográficas
Assis, Adriana Paiva; Santos, Carolina Costa. Modo de Fazer Aguardente de Rapadura de Paracatu. Processo de Registro Municipal. Paracatu: Secult e Mindello, nov. 2024

Fonte: Prefeitura de Paracatu

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