Jornal O Tempo destaca Paracatu como destino turístico em Minas

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O jornal O Tempo, publicou nessa terça-feira (05/09), uma matéria que destaca Paracatu como destino turístico em Minas Gerais.


Veja reportagem logo abaixo:

“Um presépio do século XIX”. É assim que o produtor cultural Afonso Borges definiu a cidade de Paracatu, localizada no Norte de Minas Gerais, que recebeu no mês passado o seu primeiro festival literário internacional, o Fliparacatu. Um dos organizadores e curadores do evento, Borges prosseguiu exaltando os potenciais do lugar, que ele lembrou possuir 600 imóveis tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Um número que dá dimensão de como esse é um destino perfeito para quem quer conhecer um pouco mais sobre a história do país, as tradições mineiras e até se surpreender com as belezas naturais da região.

Nesta reportagem – após conversas com Nathiele Macedo, mestranda em ciências sociais e estudiosa da história de Paracatu, e tours ao lado da guia de turismo Nayara Vaz da Costa e da historiadora Helen Ulhoa Pimentel –, traçamos um roteiro que passeia pelos principais pontos de interesse da cidade, que preserva a arquitetura colonial, a religiosidade, o artesanato e a gastronomia típicos daquele território.

Patrimônio
Uma das paradas é a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída em 1744 por pessoas escravizadas que trabalhavam nas minas de ouro e prata. A igreja tem um estilo de transição entre o colonial mineiro e o goiano e fica no Largo do Rosário, onde também há um coreto e um busto.

Atrás do templo, há o prédio do grupo escolar Afonso Arinos, em estilo eclético, além de casas representativas de outras vertentes estéticas, como a arquitetura colonial, art déco e moderna. Ainda nos arredores do local, pode-se passar pelo Beco do Candinho/Ranufo, que oferece uma vista pitoresca da igreja e um mural com uma arte de Janaína Campos.

A construção da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos é herança da história de opressão e segregação racial associada ao tráfico de africanos e africanas para colônias europeias. Um tipo de prática desumana que é uma característica constituinte de nações como o Brasil, país responsável por 40% do comércio de negros para exploração de mão de obra escrava, sendo o último dos territórios ocidentais a abolir o regime escravocrata. Tanto que essa política em prol do chamado “tráfico negreiro” se percebe na cartografia das cidades brasileiras – inclusive, em Paracatu.

No lugar, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída para ser frequentada pelos “negros livres”, ou seja, aqueles que haviam sido alforriados. A medida combinava duas preocupações da Coroa portuguesa: de um lado, junto à Igreja Católica, promover a conversão de africanos ao cristianismo, de outro, evitar que esses novos cristãos frequentassem o mesmo espaço religioso que os brancos, que tinham para si a igreja matriz.

A Igreja Matriz de Santo Antônio é outra atração da cidade. Ela começou a ser erguido, provavelmente, em 1730, sendo considerado o mais antigo da cidade. Ele tem um estilo barroco-rococó e possui acervo de imagens sacras, pinturas e talhas douradas. A igreja é dedicada ao padroeiro da cidade e recebe muitos fiéis durante a festa de Santo Antônio de Pádua, que acontece em junho.

Outra igreja que vale a pena conhecer é a Igreja de Sant'Anna, que fica no Largo do Sant'Ana. A igreja foi construída em 1736 e tem um estilo jesuítico barroco. A estrutura original ruiu no século passado. Posteriormente, foi erguida uma réplica não idêntica do templo, que possui uma torre única e um interior simples.

Vale registrar que parte do acervo da arte sacra da Igreja de Sant’Anna foi preservada por ação da população local, que, percebendo que a estrutura estava ameaçada, retirou o altar-mor – como é chamado o altar principal de uma igreja, localizado em ponto oposto à porta de entrada –, levando-o para a Matriz de Santo Antônio, onde pode ser visto.

Cultura
Outro lugar que merece uma visita é a Casa de Cultura, que funciona em um antigo casarão do século XVIII e abriga eventos artísticos e oficiais, além de oferecer cursos de artes. O espaço é um museu aberto aos feriados e fins de semana e conta com um acervo de objetos históricos, artísticos e culturais da cidade.

Nas proximidades da Casa de Cultura, está um dos símbolos da cidade: o Chafariz da Traiana, que fica no Largo do Museu, considerado um tributo que celebra o ano de 1798, quando o Arraial de São Luiz e Sant’Ana das Minas foi elevado a Vila de Paracatu do Príncipe, por Maria I de Portugal, graças a sua importância econômica durante o Ciclo do Ouro.

Para quem gosta de história, o Museu Histórico Municipal Pedro Salazar Moscoso da Veiga é uma opção. O museu, que estava fechado para reforma no período em que a reportagem esteve na cidade, fica em uma antiga residência do século XIX e possui uma coleção de fotos, documentos, móveis, utensílios e peças que retratam a vida social, política e econômica de Paracatu, além de ter uma sala dedicada à memória dos escravos e à cultura afro-brasileira. Outro museu interessante é o Museu do Bordado, que, situado em uma casa centenária, expõe peças de bordado feitas pelas mulheres da cidade.

Mais uma iniciativa em prol da memória da cidade é a Casa Kinross de Paracatu, um espaço interativo inaugurado em 2017 pela empresa de mineração de ouro que atua na região. O lugar fica em uma residência do século XIX, restaurada e adaptada para abrigar uma exposição permanente, que mostra a trajetória do município desde os tempos do Brasil colonial, destacando aspectos como o Ciclo do Ouro, a presença indígena, a mão de obra escravizada, a vocação agropecuária e outros acontecimentos marcantes. O espaço é fruto de uma parceria com o Museu da Pessoa, que coletou depoimentos de moradores de Paracatu, compartilhando suas próprias lembranças. Esses vídeos fazem parte do acervo do lugar.

Gastronomia
Para quem quer experimentar a culinária regional, o Mercado Mineiro é uma boa pedida. O mercado fica em um prédio histórico e oferece diversos produtos típicos da região, como queijos, doces, cachaças, pães de queijo, linguiças e salgados. No local também é possível encontrar pratos tradicionais como feijão-tropeiro, frango com quiabo e tutu de feijão.

A rua Goiás é um dos principais points da vida noturna da cidade. Por lá, o visitante encontra o famoso pão de queijo de Paracatu no Trem Bão Pãodequeijaria, que oferece a iguaria de diversas maneiras, seja com recheio ou simples. Casas que abrem ao entardecer, o Bistrô Canuto e o Manjericão oferecem pratos como massas e risotos, além de cartas com vinhos nacionais e importados.

Durante o dia, o Restaurante e Pizzaria Canuto e o restaurante Flor de Alecrim têm opções self-service. Quanto à sobremesa, a Firenze Gelateria é uma boa escolha, incluindo gelados de sabores clássicos, como pistache, e outros com apelo mineiro, como o de queijo com goiabada e o de doce de leite.

Mais afastado do centro histórico da cidade, a Casa de Concessa é também uma parada obrigatória, misturando gastronomia e entretenimento. Dona do empreendimento, a atriz Cida Mendes costuma incorporar a célebre personagem Concessa, que já participou de programas de TV como “A Turma do Didi”, da TV Globo, e “Escolinha do Gugu”, da Rede Record. É assim que ela costuma receber os visitantes nos domingos. No lugar, além das refeições, há também opções de lanches e quitandas.

Legado
A tradição quitandeira, aliás, é outro destaque do lugar, além de ser um orgulho para os paracatuenses. A cidade histórica está buscando o registro de procedência para 12 desses quitutes típicos da culinária mineira, elaborados com ingredientes simples, mas que carregam sabores e memórias de gerações, sendo parte do patrimônio cultural imaterial do município.

O registro de procedência é um tipo de indicação geográfica conferido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), que identifica a origem de um produto ou serviço com características vinculadas ao seu local de produção, podendo trazer benefícios econômicos, sociais e culturais para os produtores e para o território.

As 12 quitandas que Paracatu quer proteger e valorizar são: queijadinha, desmamada, bolo de domingo, mané pelado, empadinha de pele fina, pão de queijo, biscoito de polvilho, biscoito de queijo, biscoito de nata, biscoito de goma, rosquinha de pinga e broa de fubá.

Esses quitutes são feitos pelas mestras quitandeiras, mulheres que transmitem seus saberes e fazeres através das gerações. Caso da dona Angela Resende, que transformou o quintal de sua casa, também localizada fora do centro histórico, em um lugar aconchegante e charmoso, onde recebe os visitantes sempre com a mesa cheia.

Ecoturismo
Outro atrativo de Paracatu é o Circuito das Cachoeiras do Prata. O complexo reúne cerca de 42 quedas d’água e está localizado a 40 km da cidade, que possui agências especializadas no ecoturismo. A agência O Mochileiro Ecoturismo e Aventura, por exemplo, auxilia o visitante em passeios pelas cachoeiras, trilhas, rapel, cascading, acampamentos e observação da fauna e flora do Cerrado.

Como chegar
De ônibus/Via BH: pegue um ônibus da Viação Sertaneja. São cerca de 8 horas de viagem.
De avião: pegue um voo da Azul, Gil ou Latam até Brasília e depois um ônibus até Paracatu pelas viações Araguarina ou Empresa São Cristóvão.
De carro: siga a BR-040 no sentido Brasília.


Fonte: O Tempo
*Permitido compartilhamento e ou cópia desde preservada a fonte (LEI Nº 9.610/98)
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