Considerada por muitos a melhor escola da rede pública em Paracatu, todos os anos a escola Afonso Arinos oferece 50 vagas para o segundo ano – antiga primeira série.
Na sexta-feira o Paracatu.Net visitou o acampamento para averiguar a situação. Janaína Brandão Peres, de 22 anos, tentava matricular seu filho de apenas cinco anos de idade e explicou à nossa reportagem como começou a aglomeração: “Um moço teve a iniciativa de chegar aqui na quinta-feira, então viemos todas pra cá”. Perguntada se vale a pena o esforço, Janaína brincou “Se eu conseguir, vai valer né (rirsos)”.
A conversa com Rita de Cássia surpreende logo no começo: seu filho, um rapaz de nove anos, estudava no Dom Elizeu, tradicional colégio da rede particular em Paracatu. Convencida de que o Afonso Arinos pode oferecer melhores condições de ensino para seu filho, Rita chegou na sexta-feira para entrar na fila e tentar uma vaga “É a melhor escola da cidade e estou aqui pra tentar conseguir uma vaga para meu filho!”.
Depende também da comunidade
Ercir, diretora da escola Afonso Arinos, se pronunciou com relação ao problema. Contente com a aprovação da comunidade com relação à escola, a diretora falou do compromisso das instituições de ensino “Tanto a escola pública quanto a particular têm a mesma responsabilidade com o ensino de qualidade. Pra mim é motivo de satisfação saber que uma mãe acredita na escola pública a ponto de ter um filho em uma escola particular e procurar colocá-lo na rede pública”.
Cautelosa, Ercir falou também da grande demanda por vagas no Afonso Arinos “Nós estamos com salas super lotadas. Cinqüenta alunos em cada sala, enquanto a lei diz que deveriam ser vinte e cinco. Alguns pais não compreendem a situação e insistem, mesmo quando não podemos fazer nada. Me parte o coração ter que dizer não, mas infelizmente não temos capacidade de atender todo mundo”.
A diretora explicou que para conseguir uma vaga, os pais devem estar com as crianças previamente cadastradas, dentro da faixa etária e possuir todos os documentos requisitados pela escola. A partir daí, o que vale é a ordem de chegada.
Ercir finalizou falando sobre as responsabilidades da comunidade “Aqui [na Escola Afonso Arinos] toda a comunidade participa. É uma comunidade ativa que quer o melhor para o seu filho e acredita na escola. Temos mais de 15 escolas públicas em Paracatu, acho que os moradores dos bairros deveriam acreditar na escola que é próxima de sua casa, matricular seus filhos e fazer como os pais aqui fazem: estar dentro da escola, participando, ajudando, porque assim qualquer escola pode ser como esta”.
Felicidade e Insatisfação
A gerente de vendas Jaqueline Pereira conseguiu por pouco: foi a 45ª na lista de chamadas. Contente com a vaga, Jaqueline se mostrou insatisfeita com a atitude dos pais “Por um lado é culpa dos pais, não tem necessidade de ficar se aglomerando antes do prazo, isso só atrapalha a todos. É uma coisa muito cansativa, perdi dia de serviço, felizmente consegui. Pra quem trabalha é muito difícil”. Moradora do Bairro Vila Mariana, Jaqueline alegou que aonde mora não tem escola de qualidade para colocar seu filho “Exatamente por isso, no jardim de infância tive que fazer um esforço colocar ele na rede particular”.
Jaqueline falou sobre o sistema utilizado para conceder as vagas “Acho que seria interessante algum outro sistema, talvez realizar uma prova. São poucas vagas, pra quem trabalha é complicado. Muitas pessoas tiveram que pagar gente pra ficar na fila, e a maioria nem tem condição”.
