Dona Sebastiana festejou a volta das atividades juntamente com outros colegas, como dona Marta Santos, “Eu toda vida morei em Paracatu e estou conhecendo lugares que eu não conhecia e nem sabia que existia. Estou achando tudo um encanto”, conta alegre. Seu José Joaquim também concorda com as duas. “É ótimo, não tem coisa melhor. É uma distração”, diz.
As palavras dos três idosos retratam a alma do projeto, que vai muito além de passeios e diversão, pois alia educação patrimonial a experiências ligadas à gastronomia, história, arquitetura e manifestações culturais da região. A iniciativa é uma oportunidade para que as pessoas da terceira idade de Paracatu tenham conhecimento da importância dos bens culturais materiais, imateriais e naturais do território, e continuem a transmitir o aprendizado às futuras gerações.
Ao todo, participaram da última edição do projeto, realizada de dezembro do ano passado a setembro deste ano, mais de 120 idosos. Ao longo dos quase dez meses de atividades, eles participaram de 48 visitas turísticas, 18 rodas de conversas, oito palestras, e ainda receberam 200 kits de higiene pessoal (álcool 70% individual e máscaras) e 150 kits de café colonial. “Os resultados foram incríveis. Foram atendidos 25% de idosos além da meta prevista, preenchidos e atualizados 121 formulários de saúde do idoso”, conta Christiane Santos, coordenadora do projeto executado pela a Associação de Guias de Turismo do Noroeste de Minas (GUIASTUR).
De acordo com a GUIASTUR, o Conviver Memórias, além de acolher e valorizar os idosos da cidade, promove o turismo no território, estimula artistas locais, arte- educadores e proprietários do trade. Segundo dados da Associação, mais de 30 prestadores de serviços da cadeia turística local já foram beneficiados indiretamente e mais de R$160 mil foram movimentados no setor.
Segundo Christiane, os depoimentos dos idosos e familiares surpreendem e mostram os impactos positivos na saúde mental e auto estima de todos. “São casos de idosos e filhos que saíram da depressão e ressignificaram o modo de vida. Outros até elevaram a qualidade de vida para enfrentar doenças graves como o câncer”, revela a coordenadora. Para ela, o projeto tem alcançado seu objetivo, que é contribuir com o bem-estar e a saúde dessa faixa etária de cidadãos, principalmente nesse tempo de pandemia, com os reflexos negativos do isolamento social. “Espero que a gente consiga fazer com que esse projeto se torne oficial nos calendários das ações culturais e sociais da cidade”, afirma. De acordo com Christiane, o Conviver Memórias não para por aqui e deve ter outras edições.
O Conviver Memórias foi criado em 2019 pela Associação de Guias de Turismo do Noroeste de Minas (GUIASTUR) em atendimento ao edital do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Paracatu (CMDPIP) e foi executado com recursos de incentivo fiscal da Kinross Brasil Mineração, destinados ao Fundo Municipal do Idoso de Paracatu (FUMIP). Para a Kinross, a iniciativa significa valorizar as pessoas em primeiro lugar, conectá-las ao território e a todas as múltiplas possibilidades que ele oferece, como cultura, gastronomia, arte, turismo, entre outras. É uma forma de ocupação do espaço público, com produção de conhecimento, resgate e valorização das histórias locais ao longo do tempo.
Fonte: Fábia Prates / Tatiana Sócrates – Oficina Ci
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