O Senhor Euridamas, a avenida e a menor fujona

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Por: Carlos Lima (*Arquivista)


Patrono de uma importante avenida entre o centro da cidade e uma das áreas de maior expansão urbana no momento, além de ser via de comunicação para o novo Centro Administrativo Municipal, Euridamas Avelino de Barros é parte da história de Paracatu, e como tal, merece uma abordagem sobre si e sua participação na sociedade.
O Senhor Euridamas fora, muito provavelmente, fazendeiro, conforme se pode inferir com base em alguns manuscritos, disponíveis no Arquivo Público Municipal. Casado com Dona Militina Carvalho de Barros, com quem tivera 11 filhos, falecera aos 6 de julho de 1951 com 58 anos de idade em Paracatu. Possuíra, dentre outros bens, parte de terras nas Fazendas Nolasco e Impã, neste município, além de uma residência na Rua Eduardo Pimentel, conforme extraído do seu próprio inventário datado de 1951.  
Euridamas, o tutor
Reza a petição existente na folha de nº 2 do processo de tutela da menor Adelina, requerida pelo Sr. Euridamas (1931) ao meritíssimo Juiz da Comarca de Paracatu, que “no dia 2 de Fevereiro do ano de 1929, apareceu em sua casa nesta cidade, a menor Adelina P. de S, filha do Sr. E. P de S, viúvo, atualmente residente em lugar ignorado. A referida menor foi conduzida a sua casa, por outra menor, no intuito de procurar abrigo e proteção”. A justificativa transcrita sugere que o Sr. Euridamas reunisse as condições necessárias de não só acolher, mas de manter sob sua responsabilidade aquela menor em situação de risco.
A dita petição acrescenta que “O Sub-assignado [Euridamas Avelino de Barros], condoído da situação de abadono em que se achava a pequena orphã [sic] que contava naquela ocasião apenas 8 annos [sic] de idade, acolheu-a no seio de sua família e a tem tratado como filha, dispensando-lhe todos os cuidados inclusive educação […]. Denota-se a partir deste excerto que Barros guardasse consigo, pelo menos numa análise preliminar, o dom da caridade e do interesse pelo social.  
A concordância do magistrado quanto à tutela viria aos 8 de maio de 1931, registrada à folha de nº 5 do respectivo processo, da seguinte forma: “nomeio o cidadão Eurydamas de Barros tutor da menor Adelina filha de EPS, ficando do dito tutor obrigado a tê-la em sua companhia, dar-lhe a educação primária até concluir o curso e a zelar por ella como se filha fosse”.
Adelina, a menor fujona                                         
Em petição registrada à folha de nº 7 do mesmo processo de tutela, o Sr. Euridamas faz saber ao Juiz de Direito que a menor Adelina “atendendo à seduções que lhe foram feitas, talvez por pessoas que são parentes da mesma, [tinha] fugido de sua casa, no dia 5 do corrente mês [maio 1931]” e suplica ao meritíssimo que lhe autorize “empreender todos os meios ao seu alcance para fazer voltar ao seu lar a referida sua pupila” e reforça o pedido: que V. Exca. “se digne ordenar a apreensão da referida menor comprometendo-se o suplicante a auxiliar no que for preciso, esta diligência”.
Embora o magistrado tivesse autorizado aquele pedido: “Requisitem-se do comandante do destacamento duas praças que acompanhem o tutor na pesquisa da menor, e, encontrando-a, traga a pessoa que detem a menor, a minha presença, com a referida menor”(folhas 7 e 7 verso), o processo não informa se a tutelada fora em algum momento encontrada ou se tivera retornado ao lar do seu tutor.
A avenida Euridamas Avelino de Barros
O Sr. Euridamas de Barros empresta, portanto, nome a um dos logradouros de maior pujança no plano urbanístico de Paracatu. Além da duplicação de parte de seu trajeto até ao Centro Universitário, a avenida abrigará, muito em breve, um novo e moderno hipermercado.

(*) Carlos Lima é graduado em Arquivologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), é Pós-Graduado em Oracle, Java e Gerência de Projeto e é personalorganizer. Elaborou este artigo a partir de suas pesquisas nos fundos documentais do Arquivo Público de Paracatu – MG.


REFERÊNCIAS
COMARCA DE PARACATU. Inventário nº 108 de Euridamas Avelino de Barros. 20 Ago. 1951. 29 fls.
COMARCA DE PARACATU. Processo de tutela requerida por Euridamas Avelino de Barros. 7 Mar. 1931. 7 fls.
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