Um levantamento inédito do Tribunal de Contas da União (TCU) mostra que cerca de 620 mil pessoas receberam o auxílio emergencial de R$ 600 sem ter o direito do benefício. O estudo foi revelado pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo (28/06).
Segundo o levantamento, 17.084 mortos, 7.046 presos e 134.262 servidores públicos ou pensionistas receberam o benefício do governo voltado para trabalhadores informais que estão enfrentando dificuldades financeiras em decorrência da pandemia do coronavírus.
O relatório aponta que, caso esses pagamentos indevidos não sejam interrompidos e devolvidos, o prejuízo pode ser de mais R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
Casos de irregularidades
Ana Paula Brocco, de Espumoso, no norte do Rio Grande do Sul, está na lista de beneficiados com o auxílio emergencial. Ela vai se casar, em dezembro deste ano, em uma praia no Caribe. A lua de mel será em um resort de luxo.
À TV Globo, Ana Paula confirmou que é beneficiária do auxílio emergencial, mas, quando questionada sobre ser enquadrada como uma pessoa de baixa renda mesmo tendo condições de realizar um casamento no Caribe, ela desligou a ligação.
Rosângela de Freire Melo, também moradora de Espumoso, aparece na lista de beneficiários. Ela mora numa casa confortável, dirige um carro de luxo e nas redes sociais compartilha publicações de viagens ao redor do mundo. Ela recebeu R$ 1.200 do auxílio emergencial.
Em um áudio que vazou de um aplicativo de mensagens, Rosângela debocha do benefício. “Acho que eu vou trocar de moto, vou comprar um carro novo pra mim”, diz ao risos.
Ela também comenta que a filha, Lorraine, que mora na cobertura de um prédio da cidade, e já fez protestos contra a corrupção, também foi beneficiada. “A Lorraine ganhou já, e já gastou. O dela que era R$ 600. Eu quero dar tanta risada”, comenta.
O empresário Divanildo Kloss disse que se inscreveu de brincadeira. Ele é dono de uma vinícola, em Nova Roma do Sul, na Serra. “Eu não quis receber. Eu devolvi. Só fiz para brincar. Era só para saber se ia passar ou não, entendeu? Jamais ia querer nada. (…) mas eu não saquei. Vou devolver”, explicou.
De acordo com o Ministério da Cidadania, 47,7 mil pessoas que receberam o benefício de forma irregular devolveram o dinheiro. Com isso, voltaram aos cofres públicos R$ 39,6 milhões. A pasta também informou que já suspendeu o pagamento de 600 mil benefícios entre a primeira e a segunda parcela, por irregularidades.
Fonte: Metrópoles