Os 265 anos da Paróquia Santo Antonio

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                As leituras de hoje nos apresentam duas pessoas investidas do poder de governo: Davi e Herodes. Embora marcado pela fragilidade humana, que o levou ao pecado de adultério e homicídio, Davi marcou seu reinado pela fidelidade à Lei do Senhor, ao culto divino e ao profundo arrependimento de seus pecados. Já Herodes, reconhecido por todas as más ações que andou cometendo, como diz o texto sagrado, e, mais ainda pelas suas ambições e arbitrariedades, deixou-se envolver pelo escandaloso pecado do incesto, tomando para si sua cunhada, a mulher de seu irmão Felipe. Num momento de embriaguês e de paixão, prometeu metade do reino a uma jovem dançarina. Vencido pelo respeito humano, cedeu ao capricho da amante e mandou executar João Batista na prisão, do que não deu a mínima prova de arrependimento. Triste condição humana: um banquete de aniversário, festa para comemorar a vida, termina em morte: uma cabeça humana servida numa bandeja.  Teria isso a ver com a súbita e misteriosa morte de Herodes, como se fosse um castigo divino? Pois morreu imediatamente após uma brilhante audiência, corroído pelos vermes, conforme lemos no cap. 12 de At. Atendendo-nos um pouco mais ao Evangelho, aprendamos do Batista a não ter medo de denunciar o erro e a apontar o caminho da verdade, da justiça e do amor. A exemplo de João Batista, não nos deixemos levar pelas modas e propostas do momento, incompatíveis com a fé cristã, como por exemplo, a ideologia de gênero e coisas tais. João Batista pagou com a vida seu firme testemunho de fidelidade a Jesus e à verdade, deixando-nos esta preciosa lição. Sem impor nossa fé e nossos princípios religiosos, sem ameaças e violência, sejamos coerentes com nossos sentimentos cristãos e nossas convicções religiosas.  Que Deus nos dê a coragem de João Batista e nos livre do medo e da covardia de Herodes. Neste dia reverenciamos João Batista como o primeiro e grande mártir defensor da sacralidade da família.  ( — )
Iniciamos ante ontem e estamos a terminar hoje o solene Tríduo de preparação para a comemoração amanhã dos 265 anos de criação da Paróquia Santo Antônio. Uma longa história cheia de vicissitudes e ocorrências, ora belas e agradáveis, ora dolorosas e sofridas, ora gloriosas e vitoriosas, ora vergonhosas e desonrosas. 265 anos de vida cristã, de fé celebrada, de amor construído, de evangelho pregado e vivido, mas, às vezes, de ódio semeado, vingança urdida, crimes praticados, discriminação imposta. Sim, 265 anos no permeio de luzes e trevas, de bem e mal, de graça e pecado. Coisas da vida humana, a que a paróquia Santo Antônio nunca esteve ausente. Mas é de acreditar que em meio às naturais contradições humanas, o bem sempre prevaleceu significativamente sobre o mal, graças a Deus. Penso que na comemoração desses 265 anos de paróquia, podemos, de maneira absoluta, contabilizar um saldo positivo de fidelidade á fé cristã, de Evangelho difundido, de Igreja implantada, de progresso e bem estar, um saldo positivo, sem comparação, superior a toda e qualquer circunstância negativa. E ao fazer a memória desse venturoso e longo passado, queremos expressar os mais fervorosos sentimentos de gratidão a Deus, sempre a conduzir favoravelmente nossos destinos, não obstante nossas fragilidades humanas, como queremos também expressar nosso sincero reconhecimento a todas as pessoas – hierarquia, religiosas, leigos – que participaram, às vezes, no mais absoluto anonimato, dessa importante e venturosa história. Registros históricos comprovam que sacerdotes santos e virtuosos estiveram á frente da paróquia. Mas por aqui também passaram ministros um tanto desvirtuados de suas funções ministeriais, desde aquele 8 de fevereiro de 1755, quando Dom Francisco Xavier Aranha, então Bispo Coadjutor de Olinda PE, criou a  Paróquia Santo Antônio da Manga do Paracatu, nomeando como seu primeiro Vigário o  controvertido Pe. Antônio Mendes Santiago, que por própria conta já paroquiava aqui, desde 1754. Por falta de melhor comunicação e, sobretudo, pela distância dos grandes centos de decisão civil e religiosa, a paróquia esteve longo tempo como que isolada, deixando os fiéis privados de uma melhor e mais consistente assistência espiritual. Era realmente um mundo distante, esquecido e perdido. Ah… aqueles tempos… Grandes transformações e progresso em toda a região começam a partir da criação de Brasília e da consequente construção da rodovia 040, ligando Rio de Janeiro e Belo Horizonte à nova capital, cortando em diagonal o município de Paracatu. É de notar ainda importante particularidade no passado de nossa história. A criação desta paróquia por Dom Xavier Aranha significava que essa imensa região à direita do Rio São Francisco estava sob a jurisdição da diocese de Olinda. Consequentemente, os vigários que atuaram aqui eram provisionados pela autoridade diocesana de Olinda. Isso perdurou desde sua criação, em 1755, até 1854, quando a paróquia passou à jurisdição da recém criada diocese de Diamantina, o que perdurou até 1907, quando a paróquia então passou à jurisdição da diocese de Uberaba e, pouco tempo depois, a partir de 1914, à diocese de Montes Claros, até março de 1929, quando, criada a Prelazia Nullius de Paracatu, com sede justamente nesta paróquia, veio sua plena e perene autonomia eclesiástica.  
No seu passado, a paróquia de Santo Antônio do Paracatu viveu dias de glória e esplendor. Celebrou suas grandes festas religiosas, marcas indeléveis da saga e da fé de seus filhos e daqueles aventureiros e desbravadores do sertão e do cerrado. Os 265 anos de vida cristã da Paróquia estão indelevelmente ligados à alma religiosa dos seus antepassados. Seus filhos sempre foram religiosos. Às vezes, irreverentes e anticlericais. Seja como for, sua encantadora história, com lances de glória e marcas de sofrimento, é tributária da ação evangelizadora de muitos e dedicados, sábios e santos missionários que por aqui passaram, apesar de que, no seu todo, a evangelização no Noroeste de Minas tenha sido um pouco falha. Foi exatamente esta constatação que despertou nos fiéis paracatuenses, nos primórdios do século passado, a vontade incontida de que a paróquia fosse sede de uma Igreja Particular, para melhor atender às exigências da educação religiosa e pastoral de sua gente. A 1º de março de 1929, o Papa Pio XI criou a Prelazia “Nullius” de Paracatu, instalada a 04 de agosto do mesmo ano, quando tomou posse como Administrador Apostólico o carmelita Frei Eliseu, mais tarde bispo Prelado. Em abril de 1962, o Santo Padre S. João XXIII elevou a Prelazia à dignidade a Diocese. De certa forma, as histórias desta Paróquia e da Diocese (aquela, 265 anos; esta, 90 anos) se identificam, se confundem uma com a outra, se justapõem no arco de suas existências, pois a Diocese é hoje territorialmente quase exatamente o que outrora foi a Paróquia Santo Antônio. Para ambas a história praticamente é uma só. Uma história longa e bela. Cheia de luzes e de sombras. Marcada por alegrias e dores. Uma história de sorrisos e lágrimas. Escrita por santos e pecadores. Nela encontramos grandeza e mesquinhez. Heroísmo e covardia. Grandes virtudes em meio a vícios lamentáveis. Heróis e mártires são sempre lembrados e mesmo venerados, até mesmo nas rodas de irreverentes incrédulos ou debochados anticlericais. Como o efeito dos contrastes num grande mosaico ou numa tela ressalta a obra de arte e consagra o artista, assim também as virtudes e defeitos, a força e a fragilidade, o amor e o ódio, o bem e a inconveniência dos filhos desta Paróquia mais ainda destacam a valiosa história de fé, de implantação da cruz de Cristo, de incansável evangelização, de preservação do sentimento cristão de nossa gente, de proteção dos valores morais na família, de promoção de toda uma arte e cultura religiosas características do noroeste, enfim do maravilhoso testemunho do amor a Deus e ao próximo, tudo marcadamente iniciado a partir daquele longínquo 08 de fevereiro de 1755 e lançado para “águas mais profundas” a partir de 1º de março de 1929.
É por tudo isso que louvamos e agradecemos a Deus e dizemos do fundo da alma: obrigado, Senhor, pelos 265 anos desta paróquia! Muito obrigado, Senhor! Ajudai-nos a continuar, hoje e sempre, esta bela história que deve ainda ir longe. Ajudai-nos, Senhor, a transmitir às gerações vindouras esse rico e maravilhoso patrimônio religioso que nossos antepassados nos deixaram. Ouvi, Senhor, esta prece que de coração profundamente agradecido Vos dirigimos! E mais uma vez: obrigado, Senhor! Muito obrigado! Amém!
 
 
 Dom Leonardo de Miranda Pereira, Bispo Emérito da Diocese de Paracatu
 
 

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