Pioneiros do transporte coletivo no Noroeste de Minas Gerais

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O emprego do transporte à tração animal, a simplicidade das estradas de chão e sua integração com hidrovias e ferrovias na década de 1930 são incrementados com a implantação das primeiras linhas de ônibus que facilitariam sobremaneira o deslocamento de pessoas e mercadorias entre a região  Noroeste de Minas  e algumas das principais cidades do Estado.
Um anúncio veiculado no Jornal O Imparcial do dia 17/05/1936 em sua edição de nº 3 dá conta de que naquele ano o transporte por ônibus já era uma realidade por aqui, haja vista que a referida publicação traz os dias e horários de viagens entre Patos de Minas e Paracatu explorados pela empresa Teixeira e Souza, concessionária do serviço.
Valorosa documentação estatística de 1939 revela a existência de um modal para viabilizar o fluxo de passageiros e encomendas entre estes rincões e determinados centros urbanos.  Uma viagem para o Rio de Janeiro, por exemplo, partia-se de Paracatu por ônibus até Patos de Minas e desta até Catiara (Município de Serra do Salitre), de onde se embarcava de Trem pela Rede Mineira de Viação até Barra Mansa (RJ), a partir da qual seguia-se também por trilhos até a capital carioca por meio da Estação de Ferro Central do Brasil.
Verifica-se, com o passar dos anos, que o transporte por ônibus ganhava cada vez mais a simpatia das pessoas na medida em que possibilitava uma maior mobilidade entre os municípios. Prova disso é que, em documento expedido pelo DER-MG (Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais) com data de 20/12/1946, concede-se ao Sr.  José Botelho de Miranda o direito de exploração da linha Coromandel a Paracatu via Porto da Barra, Chapadão e Guarda-Mór com percurso total de 194 Kms e passagens a Cr$ 100,00.
Um levantamento feito junto às concessões de transporte coletivo pelo DER-MG, no período 1946 a 1957 (LIMA, 2019), revela a existência de pelo menos 8 linhas de ônibus exploradas por diferentes empresas na ligação entre o Noroeste de Minas e o Alto Paranaíba. Fotos da primeira metade do século XX, de autoria do saudoso Professor Olímpio Gonzaga, por sua vez, ilustram perfeitamente as viagens feitas nas jardineiras (um avanço naquele tempo!), com as travessias à balsa no Rio Paracatu e os atoleiros nos períodos chuvosos.
Entre os destinos explorados, segundo alvarás do DER-MG constantes do acervo do Arquivo Público Municipal, chama à atenção aquele que ligava Paracatu ao marco divisório Minas Gerais-Goiás no lugar denominado Porto de Botelhos, a partir do qual a viagem até Cristalina teria continuidade, muito certamente, por meio de outra empresa ou meio de locomoção. Essa linha fora operada em 1954 pelo concessionário Cezário de Mello através do serviço em microônibus. Mais tarde, em 1957, a linha passaria a ser explorada pelo empresário Walter Silva Neiva.
A construção da BR-040 (então BR-7) em 1958, que cortara em cheio a então modesta Paracatu, trouxera sem dúvida um pujante corredor logístico que viera a fortalecer ainda mais o transporte rodoviário entre o Noroeste de Minas e outras regiões, e que impulsionara decisivamente a utilização dos ônibus para a locomoção interurbana por grande parte da população, concomitantemente com o surgimento de novos itinerários e empresas do ramo.
 
(*) Carlos Lima é graduado em Arquivologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), é Pós-Graduado em Oracle, Java e Gerência de Projeto e é consultor em organização de arquivos e memória empresarial.


Referências:
O IMPARCIAL. Paracatu, p. 4-4.17 maio 1936.
MINAS GERAIS. DEPARTAMENTO GERAL DE ESTATÍSTICA. Estatística dos meios de transporte:Inquérito referente a 1939 Município Paracatu. 1940
MINAS GERAIS. DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DE MINAS GERAIS.Linha de ônibus Coromandel – Paracatu. 20/12/1946. 1fl.
LIMA, Carlos E. G. Linhas de ônibus em Paracatu entre 1946 e 1957. Levantamento feito em fevereiro de 2019 com base nos Alvarás de 1935-1964 existentes no Acervo Arquivo Público de Paracatu – MG
A TRIBUNA DE PARACATU. Paracatu, 15 mar. 1959.
 
 
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