Paracatuzinho: Passado e presente

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Destacado do restante da cidade graças à existência dos Córregos Pobre e Rico, o Paracatuzinho, que outrora fora chamado de bairro proletário ou ainda de subúrbio, conserva hábitos tradicionais de sua comunidade, como reuniões familiares nas portas de casa e o velho futebolzinho de rua por parte da meninada, ao mesmo tempo em que desponta como endereço comercial promissor para empresários.
Documentos disponíveis no Arquivo Público Municipal sugerem que as primeiras casas do bairro teriam surgido às margens do Córrego Rico, notadamente onde se encontram as duas edificações de maior valor histórico da localidade, a saber, a sede da garagem da Prefeitura (antigo Matadouro Municipal) e a Chácara dos Padres (antiga Fazenda Papuda).
Em registro fotográfico de 1936, do Professor e escritor Olímpio Michael Gonzaga, é possível recordar o extinto Matadouro Municipal, que muito provavelmente fora o marco inicial daquele que mais tarde tornar-se-ia o mais populoso bairro da cidade. De acordo com um alvará de licença para construção de casa datado de 16/05/1955, folha 48v, e expedido pela municipalidade à Dona Maurícia Coelho Guimarães, ali também existira o chamado Largo do Matadouro.
Em escritura de compra e venda datada de 09/09/1955, assinada pelo então Prefeito Joaquim Adjuto Botelho, constata-se a venda de um terreno urbano de 190 m2, destacado do patrimônio municipal, ao Sr. Manoel Gonçalves Carvalho, pela cifra de Cr$ 285,00, na Rua Praiana no Paracatuzinho, localizada à margem direita do Córrego Rico. Verifica-se que a comercialização de lotes ocorrera inicialmente a partir dessa rua seguindo pela Praça do Bom Jesus e adjacências, conforme se pode inferir a partir da maioria dos documentos relacionados.
Uma incursão pelo livro Registro de Alvarás da Prefeitura comprova, por exemplo, que foram concedidas diversas licenças de postura naquela localidade, entre as quais, para a reconstrução de uma casa pertencente ao Sr. Francisco André em 26/09/1955, folha 66, na Av. Israel Pinheiro (Principal logradouro do Paracatuzinho), para a construção de uma casa na Rua da Evolução (antiga rua do Centro Espírita) à pedido do Sr. Arnaldo Antônio dos Santos, em 20/12/1956, folha 96, além de uma permissão para funcionamento de um açougue pertencente ao Sr. João Gonçalves dos Santos em 08/02/1957, folha 98, sem informação sobre o endereço exato no bairro.
Outro aspecto relevante sobre a formação do Paracatuzinho diz respeito à atividade imobiliária na cidade, conforme se pode verificar através dos classificados nos jornais. Em sua edição de nº 24, de 15/03/1959, o Jornal A Tribuna de Paracatu publicou em sua página 4 a oferta de lotes residenciais e industriais no referido bairro. O responsável pelas vendas era o agrimensor, Sr. Paulo Kleber Ulhôa, e o anúncio trouxera o seguinte apelo comercial: “Bairro de mais futuro e dentro de grande plano urbanístico”.
A construção do Aeroporto Municipal, que atualmente tem nome de Pedro Rabelo de Souza, também merece destaque na história do bairro, haja vista que ocorrera no ano de 1953 graças ao idealismo dos Srs. Raul Neuschwander e Paulo Kleber, que com recursos próprios escolheram as terras mais altas do Paracatuzinho para o novo campo de pouso (até então, os vôos e decolagens aconteciam na pista do Aeroclube da Bela vista). Esse empreendimento, de certa forma, possibilitou o surgimento de novos logradouros e habitações nas suas proximidades.
Dados do Serviço Nacional de Recenseamento referentes ao ano de 1960, divulgados no jornal A Tribuna de Paracatu, de 30 de outubro daquele mesmo ano, dão conta de que o Paracatuzinho fora habitado por 1762 pessoas, perdendo apenas para a população do centro da cidade, com 5190 habitantes. O terceiro colocado em números demográficos era o bairro Amoreiras, com 1364 moradores.
Planilha obtida junto ao Departamento Municipal de Endemias, da Secretaria Municipal de Saúde, pertinente ao quantitativo de imóveis (piso térreo) do perímetro urbano no ano de 2018 indica que somente no Paracatuzinho (inclusive o Loteamento Aeroporto) existiam, até então, 5.369 edificações, de forma a superar até mesmo o centro de Paracatu, que já contabilizou 2.188 imóveis. Uma demonstração de considerável crescimento habitacional naquele bairro, se comparado a outros, como o Amoreiras, loteado quase que na mesma época e com cerca de 1303 edificações no período em que fora feita o levantamento.
Alguns costumam afirmar que o Paracatuzinho é “uma cidade dentro de Paracatu”. Do básico para se viver, tem-se de tudo um pouco por alí (Postos de Saúde, supermercados, faculdade (UAITEC), Farmácias, Casa Lotérica, Postos de Gasolina, Transporte Coletivo, etc) e, dado o ritmo de crescimento comercial e institucional que se verifica ano após ano, há uma grande tendência quanto à implantação de novos serviços para seus moradores. É bem verdade que o bairro merece muito mais, como uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas), um banco, uma área de lazer ampla e uma base policial, que garantiriam um maior bem estar social.

(*) Carlos Lima é graduado em Arquivologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), é Pós-Graduado em Oracle, Java e Gerência de Projeto e é consultor em organização de arquivos e memória empresarial.
 
Referências:
CARVALHO, Luiz Gonzaga de. Molestia de chagas no Paracatusinho [sic]. A Tribuna de Paracatu. Paracatu, p. 4-4. 28 nov. 1954.
GONZAGA, Olímpio Michael. Matadouro Municipal. Paracatu: Autor, 1936. 1 slide, P&B, 18 cm X 12 cm. 1 foto.
IDEALISMO constrói campo de pouso. O Diário. Belo Horizonte, p. 27-27. 26 maio 1960.
MELLO, Antônio de Oliveira. Paracatu do tempo em tempo. Paracatu: Prefeitura Municipal de Paracatu, 2001. 152 p.

PARACATU. PREFEITURA MUNICIPAL DE PARACATU. . Escritura de Compra e Venda. Paracatu, 1955. 1 f.
PARACATU. PREFEITURA MUNICIPAL DE PARACATU. Livro Registro de Alvarás. Paracatu, 1955-1957. 1 f.
PARACATU. SERVIÇO NACIONAL DE RECENSEAMENTO. DADOS totais do recenseamento demográfico de 1960. A Tribuna de Paracatu. Paracatu, p. 4-4. 30 out. 1960.
PARACATU. PREFEITURA MUNICIPAL DE PARACATU.Secretaria Municipal de Saúde. Departamento Municipal de Endemias. Planilha de imóveis por bairro de Paracatu em 2018. Departamento Municipal de Endemias. Paracatu, 2018. 1 f.
A TRIBUNA DE PARACATU. Paracatu, 15 mar. 1959    

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