O potencial hidroviário na Paracatu do século XX

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Ao navegar pelos milhares de registros existentes no Arquivo Público Municipal Olímpio Michael Gonzaga em Paracatu, é possível rememorar momentos marcantes do desenvolvimento regional, como o fora no transporte hidroviário do Noroeste e Norte de Minas Gerais, notadamente na primeira metade do século XX.
Um códice (livro manuscrito) datado de 1924 e rubricado pelo Presidente da Câmara e Agente Executivo Municipal Luiz de Sant’Anna Júnior cita o contrato firmado entre a municipalidade e “os Srs. Vargas e Companhia Ltda” para exploração dos serviços de navegação do Porto Burity, no rio Paracatu, até a cidade de Pirapora, importante corredor logístico e ponto de conexão com outras localidades, dada a sua localização privilegiada às margens do Rio São Francisco.
O manuscrito classificado no Fundo Câmara Municipal é sem dúvida um fantástico registro das rotineiras viagens à vapor pelos rios Paracatu e São Francisco. Além de grande variedade de mercadorias, insumos e outros itens transportados, consta ainda o deslocamento de pessoas para diferentes destinos, inclusive alguns bem distantes, como Carinhanha e Bom Jesus da Lapa, no Estado da Bahia.
De acordo com as anotações da viagem de nº 34 realizada em 30 de outubro de 1924 entre o Porto Burity (Rio Paracatu) e o Porto de Pirapora, por exemplo, são exportados couros, açúcar, manteiga e queijo a mando dos empresários Quintino Vargas e Antônio Caetano de Souza, o que também revela o potencial produtivo de Paracatu à época.
Já no dia 27 de março de 1925, conforme documentado, realiza-se a viagem de nº 9 do vapor Curvello, que transportara naquela ocasião mais de 10 toneladas e meia de carga com destino a Paracatu, em sua maioria tecidos, soda cáustica, combustíveis, móveis, louças e artigos de armarinho em geral. Entre os comerciantes endereçados estavam, o Professor e memorialista Olímpio Gonzaga e o empresário João Macedo.
Notável também é o manifesto de passageiros do dia 8 de abril de 1925, viagem de nº 10 do mesmo vapor, com destino a vários municípios na rota de Paracatu para Pirapora. São transportadas 23 pessoas, entre as quais o Dr. Henrique Itiberê [sic], os Srs. Anthero Santiago e Antônio Brochado e família. O valor da passagem até o destino final custava 900 réis, atesta o laborioso manuscrito. 
O relevante livro que traz à memória o passado da Empresa de Navegação do Paracatu, (espécie de concessão pública), contabiliza, por fim, um total de 24 viagens contratuais realizadas no período de 23 de outubro de 1924 até 18 de dezembro de 1925 pelo vapor Curvello, que marcou sobremaneira a história da navegação e do comércio entre os municípios das bacias dos rios Paracatu e São Francisco naquele período.
 Referência
CÂMARA MUNICIPAL DE PARACATU. Registro Empresa de Navegação do Paracatu. Paracatu: 1924. 1 códice.
 
 (*) Carlos Lima é graduado em Arquivologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), é Pós-Graduado em Oracle, Java e Gerência de Projeto e é consultor em organização de arquivos e memória empresarial.
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