Os trabalhos iniciais de organização e catalogação dos documentos de relevante valor histórico foram realizados pela equipe de servidores do Arquivo Público sob a orientação técnica de consultoria especializada em arquivologia, contratada pela municipalidade para garantir o sucesso de implantação do importante equipamento público destinado à preservação da memória de Paracatu.
Convênios com outros órgãos públicos e recebimento de doações de documentos com substancial interesse coletivo também foram concretizados pela Diretoria com o intuito de fortalecer o acervo sob sua custódia e facilitar o acesso do cidadão aos registros documentais. Marcam esse momento a doação feita pelo Sr. Curtis Bijos, em 1995, de 1125 fotos da primeira metade do século passado e a custódia de aproximadamente 25 mil processos da justiça comum da Comarca de Paracatu.
A definição de um patrono para a instituição também era um anseio da diretoria e veio a concretizar-se em junho de 1997, quando o então Prefeito Almir Paraca sanciona a Lei 2.156/1997, que passa a denominá-la como Arquivo Público Municipal Olímpio Michael Gonzaga, em homenagem ao saudoso autor de Memória Histórica de Paracatu (1910), professor da Escola Normal, fotógrafo, empresário e coletor federal.
O prédio do sobradinho do Sant’Anna abrigara o Arquivo Público até o seu 13º aniversário, quando em 2007 e a convite da Fundação Municipal Casa de Cultura, prepostos do Arquivo Público Mineiro vem a Paracatu exclusivamente para vistoriar e emitir parecer técnico sobre as condições de conservação e preservação do acervo. Atendendo à recomendação dos especialistas de que era indispensável a transferência para um local maior e que oferece menos risco aos documentos, a mudança realizou-se em novembro daquele ano para o casarão de nº 249 da Rua Temístocles Rocha, também no Núcleo Histórico.
Ainda no ano de 2007, o município realiza concurso e abra vaga para o cargo de arquivista, com exigência de bacharelado em Arquivologia e a posse do candidato aprovado acontece naquele mesmo ano. O Arquivo Público de Paracatu passa a contar então com staff técnico para a gestão documental e o planejamento e execução das políticas de preservação, conservação e acesso à informação previstas em lei e exigidas pelo Conselho Nacional de Arquivos, o CONARQ.
Dentre as suas ações de maior relevância, citam-se a educação patrimonial e ambiental realizada por meio de visitas guiadas ao acervo associadas a palestras, o emprego de sistema de banco de dados desenvolvido na própria instituição para garantir o acesso eficiente às fontes de pesquisa, a manutenção do site institucional para estreitar a relação com a comunidade, a consecução do Projeto de Conservação e Restauro dos Documentos do Século XVIII (mencionados no início deste artigo) e a digitalização e indexação de imagens do século XX.
Outra relevante conquista do Arquivo Público e da Fundação Municipal Casa de Cultura (sua gestora), deu-se com a recente aquisição do acervo iconográfico, documental e bibliográfico do escritor de Paracatu, Antônio de Oliveira Mello, cujo investimento foi da ordem de R$ 65.000,00 com impostos inclusos e que trouxe para o município vasto repositório de informações sobre a cidade e que frequentemente tem servido à comunidade interessada em seus estudos e pequisas.
Dados estatísticos extraídos a partir dos registros de atendimento no Arquivo Público Municipal , entre o período 2011 a 2015, apontam para um média anual de cerca de 230 pesquisas efetuadas por terceiros junto à instituição, com finalidade relativamente variada entre fins acadêmicos e escolares, estudos genealógicos, comprovação e reclamação de direitos e posse de bens e outros. Somam-se a isso, algumas dezenas de atendimentos com a prestação de informações úteis para a tomada de decisão e fins probatórios junto à própria Prefeitura e a órgãos conveniados, como o Fórum local.
Para um futuro bem próximo, são metas que circulam nas artérias do “guardião” da memória documental do Noroeste Mineiro, a digitalização e disponibilização de pelo menos parte significativa de seu acervo na Internet, para acesso do grande público e maior transparência das informações sob custódia institucional, além do fortalecimento da equipe de servidores públicos.
(*) Carlos Lima é graduado em Arquivologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), é Pós-Graduado em Oracle, Java e Gerência de Projetos, é consultor em organização de arquivos e memória empresarial e exerce a função de Arquivista do Arquivo Público Municipal de Paracatu.
Atenção! Caso queira publicar esta matéria, cite o autor. Casa utilize as imagens, cite o fotógrafo e o acervo a que pertencem.