Até parece gozação: instituições pedem redução, mas Câmara aprova mesmo é aumento dos salários dos vereadores e servidores

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                   Existe um antigo provérbio português que diz: “Foi buscar lã, voltou tosquiado”.  Conforme comentado aqui, vinte e duas respeitáveis instituições da sociedade foram à Câmara e à Justiça para reivindicar redução dos salários e de outros gastos que consideraram abusivos por parte dos vereadores de Paracatu. Os parlamentares, ao que parece, entenderam o recado ao avesso.   E, nesta segunda-feira, 07/03, aprovaram parecer do relator Marcos Oliveira, concedendo  a eles mesmos, bem como aos  servidores dos dois poderes, ainda que a título de reposição de perdas, majoração salarial de 11,27%.
          O reajuste, aprovado às pressas, contempla mais os servidores e pensionistas dos dois poderes que, além da defasagem medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), tiveram um ganho real de 0,40%.  Algo que soa como muito justo, principalmente no caso da majoração dos vencimentos do sempre sacrificado funcionalismo, eis que apenas repõe as perdas salariais ocorridas no exercício de 2015, em muito pouco elevando o seu pagamento (apenas 0,40% além da inflação oficial). O irônico é que, justa e legal, a correção representa também elevação nominal do combatido ganhos do vereadores, que se pretende reduzir e que, agora sim, chegará perto dos R$ 7 mil e 500 mensais, além da verba de gabinete, de cerca de R$ 8 mil/mês – tudo retroativo a janeiro de 2016.  
           Quanto à redução do número de vereadores à Câmara, de 17 para 11 membros, reivindicada pelas instituições sociais e oficialmente proposta pelo vereador Glewton de Sá, do PROS, nada avançou, por enquanto. Mas, na sessão de 07/03, o que mais se viu foi um esforço para baixar o nível da discussão à linha das canelas…  ou mais abaixo ainda! O experiente vereador João Macedo, do DEM, que anunciou o seu afastamento da política, foi comedido, mas acabou acendendo o estopim ao pedir ao preside João Archanjo, do Solidariedade, que tome providências para instauração de processo-crime contra o presidente de Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, Benedito do Carmo Batista, um dos signatários do pedido de redução dos gastos dos vereadores.  O apontado, sem declinar nomes, teria dito nas redes sociais que houve na Câmara quem recebesse propina de uma administradora de cartões de crédito, expondo, assim,  todos os 17 vereadores.
          A manifestação de Macedo foi como uma senha para o destempero verbal de Ragos Oliveira, do PT, que, antes dos mensalões, petrolões e roubalheiras em que membros do seu partido estiveram  envolvidos, muito incentivava e respeitava a organização da sociedade civil. Ragos fez uso da tribuna, onde ganha dinheiro do povo, para classificar o presidente do Sindicato, um pai de família, diplomado em ciências econômicas e professor universitário, de, dentre outras coisas, “moleque”, “fofoqueiro”, “vagabundo”, “não ser homem”. Outros vereadores, embora sem a mesma contundência, manifestaram sua incontida insatisfação.   Até o comedido, alegre e equilibrado vereador Gilvan Oliveira, ex-militar e pastor evangélico, ao invés de oferecer, fez foi esbofetear a outra face: disse que, dentre os signatários do pedido de redução dos ganhos seus e dos outros vereadores, existia um “assassino” de criança, envolvido num caso de aborto que chegou à justiça.    Sem comentários…
          Moral da história: 07 de março de 2016 é uma data a ser esquecida!  Um esquerdista, em defesa do próprio bolso, afrontou membros da outrora amada e idolatrada sociedade civil organizada; um pastor cristão esbofeteou, ao invés de oferecer a outra face, como prega o cristianismo que defende; e respeitáveis instituições sociais, algumas delas milenares,  que relevantes serviços prestaram e prestam à sociedade, porque ousaram discordar, foram desprezadas, desclassificadas, minimizadas e rotuladas de “elites” – tudo isso no transcurso de uma sessão paga pelo dinheiro do povo. Não era para tanto.  Ai de ti, Paracatu!  
 (Post Scriptum – O comentário acima foi corrigido porque, no original, foi dito que o aumento  contemplava também o prefeito e os secretários municipais. Na verdade, o prefeito Olavo Condé, o vice José Altino e os secretários municipais foram excluídos da majoração, por iniciativa do próprio chefe do Executivo).  (Florival Ferreira) 
 

Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira.

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