O clamor de um povo versus absenteísmo do Estado

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          O clamor  das lideranças e  instituições de Paracatu pela intervenção de uma Força Nacional na cidade e a   criação da Secretaria Municipal de Segurança Pública, noticiados aqui,  têm um significado muito mais profundo e didático do que podem  parecer à primeira vista. Tais providências querem dizer, e efetivamente dizem,  que um povo secular, com cultura, história e identidade próprias, após anos de letargia e de absenteísmo,  rompeu o silêncio e o conformismo. Tal povo fez a sua parte, e reivindica, com direito e autoridade, um ponto final à matança humana que vitimou famílias inteiras e jogou sua imagem secular no lixo. O dispendioso Estado brasileiro, via administrações estaduais (polícias Civil e Militar, complementadas por uma Justiça obsoleta que pouco pune e, por isso, nunca evita ou previne) e federal (cuja Polícia Federal não impede o tráfico de drogas aqui, optando, como pavões – olhai o seu japonês de óculos escuros -, por atuar na área política, que dá mais holofotes e ibope), vêm pisando feio na bola com Paracatu. Até quando?

          Uma rápida incursão pela história local autoriza dizer que Paracatu sempre foi uma cidade pacata, ingênua, ordeira. De repente, eis que uns poucos anos estão a apagar uma história secular, o caos. Enfrentamos a metamorfose maldita, de vila risonha e feliz ao incômodo rótulo de matadouro humano, terceira cidade mais violenta de Minas e destaque negativo neste quesito também no Brasil. Para ficar apenas num exemplo, o presidente da Associação Comercial e Empresarial (ACE), Marcus Plauto Cordeiro, um norte-mineiro que abraçou, ama e defende com unhas e dentes esta terra como se fosse a sua, lamenta: ônibus que passam pela cidade, oriundos inclusive do Rio de Janeiro e São Paulo com suas favelas, organizações criminosas, morros e outros bolsões de violência, têm evitado fazer paradas na terra de Arinos. Os seus passageiros assim exigem, porque – vejam! – se dizem amedrontados com a criminalidade que impera aqui… 

          A Secretaria Municipal, a ser criada oficialmente pelo prefeito Olavo Condé, aprovada pela Câmara e comandada pelo coronel aposentado Carlos Renato Zenóbio, por si só, vai resolver o problema da violência descontrolada? Não, com a mais absoluta e cristalina certeza! Mas o ato da administração pública e o manifesto das lideranças e instituições lançam luzes sobre uma situação terrível.  Fora as manipulações estatísticas denunciadas, Paracatu teve 63 assassinatos e 607 roubos em 2013; 48 homicídios e 546 roubos em 2014; e 51 assassinatos e 718 roubos em 2015. Um povo culto, histórico, secular, humilhado e ultrajado está a dizer, agora quase gritando, que não aceita mais isso. E, como diz um velho e positivista jargão político de esquerda, “O povo unido jamais será vencido”.
(P.S.: Errei – Perdão, internautas. Em comentário anterior, disse aqui que o ex-prefeito Vasquinho, num dos anos da sua administração, suspendeu o carnaval de rua de Paracatu por causa da ameaça da dengue. Traído pela memória, errei feio. Na verdade, houve a suspensão, sim. Porém, por causa da ameaça do vírus H1N1, da gripe suína. Envergonhado, peço desculpas e perdão. E, também, que não me deixem).     

Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira

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