As dificuldades do último trimestre de 2008, com escassez de crédito e falta de liquidez, provocaram uma migração de micro e pequenas empresas para as cooperativas de crédito como o Sicoob Crediparnor, que conseguiram um crescimento acima do mercado, de 40%, ante uma alta de 30% dos empréstimos em geral. Para 2009, a perspectiva de aprovação de uma lei específica para o setor, até o fim deste mês, mantém a expectativa de uma expansão, embora menor.
Segundo o analista de mercado da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Sílvio Giusti, com a retração na liquidez no último período do ano passado, que impactou principalmente as empresas de menor porte, as cooperativas passaram a ser identificadas como uma alternativa de crédito. "Houve um processo acelerado na evolução da carteira no quarto trimestre, uma vez que as cooperativas trabalham principalmente com essa fatia do mercado", afirma. O sistema de cooperativas encerrou 2008 com um saldo na carteira de R$ 21,8 bilhões, somou R$ 18,9 bilhões em depósitos e totalizou R$ 44,5 bilhões em ativos.
Segundo o consultor do ramo Crédito da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp), Gil Agrela, essa migração foi mais forte no setor rural. "No segmento, há necessidade de se plantar para a safra, com ou sem crise. Nas cooperativas urbanas, de crédito mútuo, houve uma certa estagnação, por conta de uma retração na demanda", explica Agrela.
Ainda segundo ele, as cooperativas hoje respondem por cerca de 2% do sistema financeiro nacional. "Há uma evolução um pouco lenta, mas crescente, no setor. A meta é chegar a responder por 10% do sistema financeiro."
Para chegar a esse percentual, a estratégia é diferente nas regiões do País. "No Sul e no Sudeste, há incentivo do Banco Central para que as cooperativas se unam, e que sejam cada vez mais fortes." No Norte e no Nordeste, por outro lado, complementa, o incentivo é para que sejam criados mais organismos.
Legislação
Em 2009, os consultores acreditam que a aprovação de uma lei específica para o setor – que aguarda sanção presidencial – trará grandes benefícios ao setor. E o principal deles será a profissionalização da gestão, subordinada ao conselho de administração, que irá possibilitar uma melhora nos processos de gestão das cooperativas de crédito. "Agora será possível separar a política dos negócios. A cooperativa poderá investir cada vez mais na profissionalização de sua gestão", avalia Giusti, da OCB. "Um profissional de mercado também dará maior agilidade ao segmento", acredita Agrela.
A regulamentação do setor, que deverá ser aprovada até o fim do mês, também irá permitir que o setor tenha maior segurança jurídica, diz Giusti. "O estabelecimento de um marco legal irá respaldar o setor e dar-lhe as condições necessárias para expandir." Antes, ele explica, o setor tinha como base a lei geral das cooperativas, "que não especifica peculiaridades do crédito", e circulares do Conselho Monetário Nacional (CMN). "Antes, o CMN poderia soltar uma nova resolução e modificar a estrutura de trabalho."
Outra importante mudança será em relação à remuneração do capital social, que passa do máximo de 12% ao ano para uma taxa vinculada à Selic. "Isso irá ajudar na atratividade das cooperativas", acredita Agrela.
O analista da OCB explica ainda que por enquanto não é possível fazer projeções de crescimento, devido à instabilidade. "Empiricamente, houve um pequeno refluxo das empresas que migraram para o cooperativismo. Há uma busca menor que no último trimestre de 2008, porém ainda vemos uma ascensão."
Fonte: Comunicação Sicoob Crediparnor