O que era mera especulação política acaba de ganhar tonalidade mais forte e consistente: durante entrevista telefônica ao Programa Opinião e Debate, veiculado pela Rádio Juriti de Paracatu, o vice-prefeito José Altino Silva, do PSDB, disse que o candidato a prefeito do partido e do seu grupo em 2016 será mesmo Olavo Condé, que postulará a reeleição. Enquanto nos demais partidos ainda pairam muitas dúvidas, os tucanos saem na frente, talvez inspirados pela sabedoria popular que ensina que “boi que vai na frente é que bebe água limpa”.
Essa possibilidade havia sido admitida pelo próprio Condé, em entrevista ao mesmo Programa radiofônico, cerca de um ano atrás. Porém, tudo na base do “talvez”. A fala do vice-prefeito, agora, em ano pré-eleitoral, dá como praticamente certa a candidatura, a ser oficializada nas convenções partidárias de junho do próximo ano, exceto se um imprevisto muito forte acontecer. E isso, na prática, deflagra e aquece o processo sucessório municipal, até então conduzido em “banho maria” até mesmo pela oposição, pois a sabedoria popular também ensina que “fruto que amadurece antes do tempo corre o risco de apodrecer e cair” antes da hora da colheita.
Olavo Condé, um bem sucedido empresário oriundo do Paraná, fez a sua estreia na política em 2012, de cara como candidato a prefeito de Paracatu. Quase não aparecia nas pesquisas de intenção de votos e enfrentava um páreo que parecia ser duríssimo: tinha como adversários o médico Bebeto Rabelo, do PTB, que era apoiado pelo ex-prefeito Arquimedes Borges; o ex-presidente da Cooperativa Agropecuária de Paracatu, Edmundo de Sá, do PMDB, apoiado pelo então prefeito Vasco Praça Filho, cujo governo contava com alta aceitação popular; e Almir Paraca, do PT, ex-prefeito, aliado do governo federal então com boa aceitação e no exercício de mais um mandato como deputado estadual. Apesar de ser desconhecido no meio, de enfrentar o bairrismo e de nadar contra três correntes políticas fortes, Condé venceu o pleito ao obter 43,38% dos votos válidos (21.162 sufrágios).
O governo Condé decepcionou no início, por não ter implantado já a “mudança pra valer” prometida em praça pública. Apesar disso, ele conseguiu conquistar ampla maioria na nova Câmara, em que pese o grupo que o acompanhou nas eleições 2012 ter construído uma bancada numericamente mais frágil. Essa maioria parlamentar, mesmo que com eventuais e pontuais rebeldias, ainda permanece, bem como faz parte da sua base de sustentação política toda a Mesa Diretora da Casa. E quanto à aceitação popular da sua administração?
Não existem pesquisas conhecidas, mas a melhoria do desempenho da administração pública é notória, o que naturalmente também representa crescimento político. Condé não poderá mais recorrer ao slogan “mudança pra valer”, mas poderá explorar os pontos positivos do seu governo. Não terá mais o apoio do Governo de Minas, mas estará à frente da máquina municipal, que a legislação não admite ser explorada eleitoralmente, mas rende votos desde que o mundo é mundo. Terá contra si os governos estadual e federal do PT/PMDB, mas ambos estão desgastados por denúncias e escândalos de corrupção de toda ordem. Até que ponto será bom e até que ponto será ruim não contar com o apoio de tal esquema político em 2016?
Resumo da ópera: se esse panorama vai prevalecer ou não até as eleições do ano que vem é impossível saber. O ex-governador Magalhães Pinto já dizia que “política é como uma nuvem. A cada olha que se olha ela está de um jeito diferente”. Mas, o que se pode dizer é que, hoje, Olavo Condé é páreo duro, sim, e, segundo o seu atual vice, José Altino, estará no páreo, sim!
Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira