Os aspectos comuns da oração

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SPROUL, R.C. A mão invisível. São Paulo: Cultura Cristã, 2014, p.188-191

Costuma-se descrever os aspectos comuns da oração com o acrônimo ACAS. A significa adoração; C, confissão; novamente A, agradecimento; S, súplica (ou interseção). Em cada um desses aspectos ou elementos da oração, nos engajamos em uma prática transformadora de vida.

Adoração
Nenhum crente é capaz de investir muito tempo na adoração a Deus sem que seja mudado por essa atividade.  Fomos criados com a capacidade de adorar. Com efeito, se examinamos a vida de oração dos grandes santos, perceberemos que o tempo que eles investiam em adoração em suas orações era diretamente proporcional à santidade deles. Considere os salmos de Davi. Quanto mais próximo Davi estava de Deus, tanto mais intensas tornavam-se as suas expressões de louvor e adoração. O que era verdadeiro para Davi e os santos da história da igreja também será verdadeiro para nós.

Na adoração, o foco da nossa atenção não está sobre nós mesmos nem sobre as nossas próprias necessidades. O foco está na glória e majestade de Deus. Quando nos envolvemos na adoração autêntica, nos regozijamos em sua glória e nos deleitamos em sua presença. Considero que a adoração seja a dimensão mais gratificante da oração. Da mesma maneira que as cartas de amor de jovens apaixonados se concentram nos aspectos nos quais eles se deleitam um no outro, assim também ocorre com os que amam a Deus: ficam absortos com o louvor de suas perfeições e excelência.

Confissão
O clichê “a confissão faz bem à alma” tornou-se um clichê por ser verdadeiro. Na confissão, ficamos livres do fardo da nossa culpa inconfessa. Não contamos a Deus aquilo que escapou de sua percepção; ele sabe qual é o nosso pecado, e nós sabemos que ele sabe. Mas o ato de confessá-lo a ele é a admissão do pecado em prol da nossa paz mental. Somos mudados pela confissão de nosso pecado. Não somos mudados apenas no sentido de que a nossa condição diante de Deus está mudada. Nem somos mudados meramente por causa do perdão e da purificação que se seguem ao ato. Somos mudados exatamente no próprio ato de confissão.

Na oração, o vínculo entre a adoração e a confissão é óbvio. Quanto mais contemplamos a excelência de Deus em sua santidade perfeita, tanto mais cientes nos tornamos da nossa indignidade. Quanto mais aprendemos acerca de Deus, tanto mais aprendemos acerca de nós mesmos. Quanto mais aprendemos acerca de nós mesmos, tanto mais compreendemos que temos de confessar.

Gratidão
Assim como Deus não necessita da nossa adoração para se sentir bem a respeito de si mesmo, nem da nossa confissão para tomar ciência de nossos pecados, ele não necessita da nossa expressão de gratidão para se sentir valorizado. Nós, seres humanos, somos diferentes. Eu realmente fico satisfeito quando as pessoas me agradecem pelas coisas e sei também que os outros sentem o mesmo tipo de satisfação quando lhes manifesto a minha gratidão. Precisamos desse tipo de intercâmbio entre as pessoas, mas Deus não necessita disso, nem é mudado de maneira alguma por essa causa. Uma vez mais, somos nós que mudamos pelo ato de agradecer.

Ação de graças e alegria não são a mesma coisa. Embora possam ser diferentes uma da outra, não podem ser separadas. A alegria evoca a ação de graças, e a ação de graças evoca a alegria. Há um relacionamento simbiótico entre as duas. Quando contemplamos os favores da graça que recebemos da mão da Providência, entre os quais está a graça do perdão divino, ficamos tocados e somos movidos à gratidão. Um coração grato é um coração alegre. Não é um ato de sentimentalismo piegas contas as nossas bênçãos. Trazer essas bênçãos à memória é uma fortaleza contra o desespero e uma fonte que transborda de alegria.

Súplica
Na súplica, trazemos as nossas necessidades e as necessidades de outros perante Deus. Devemos fazer essas súplicas em conformidade com a sua lei. Deus não fica satisfeito nem é honrado quando pedimos coisas que ele proíbe na sua lei. Essa é uma área cheia de perigos. É comum os que se dizem cristãos pedirem a Deus para que abençoe ou santifique os seus pecados. E ainda têm a capacidade de contar aos amigos que oraram a respeito de algo e que Deus lhes concedeu paz, a despeito de terem orado pelo que contrário à vontade divina. Orações dessa espécie são atos de blasfêmia dissimulados, e insultamos a Deus se ousamos anunciar que o seu Espírito Santo sancionou o nosso pecado concedendo paz à nossa alma. Essa paz é uma paz carnal e nada em a ver com a paz que excede todo o entendimento, a paz que o Espírito se apraz em conceder àqueles que amam a Deus e à sua lei.

Quando apresentamos as nossas súplicas em favor de outros, estamos participando do sacerdócio de todos os crentes e fazendo o que Lutero descreveu como “sendo Cristo para o nosso próximo”. A oração intercessora imita a obra do próprio Cristo, que sempre intercede pelo seu povo.

Da mesma maneira que a redenção é uma obra trinitária, assim também, na economia da redenção, a oração é uma obra trinitária. O Pai ordena que oremos. Ele ouve as nossas orações. Ele responde às nossas orações. Mas, quando oramos a ele, não estamos sós em nosso esforço. O Pai designou o Filho para ser o nosso interessar. Cristo, pela sua interseção, aumenta a eficácia de nossas orações, atuando como mediador delas para o Pai. É por isso que oramos por meio de Cristo e em seu nome.

Semelhantemente, na economia da redenção, o Espírito Santo nos é enviado pelo Pai e pelo Filho para nos assistir na oração. Ele nos ajuda a preparar a nossa alma para orar com a atitude apropriada e a orar conforme a vontade do Pai. Quanto mais buscarmos a ajuda do Espírito tanto mais testemunharemos respostas à oração, simplesmente porque estamos orando em conformidade com a vontade do Pai. O Espírito em si mesmo é invisível aos nossos olhos, mas a sua obra ilumina a nossa mente para os segredos de Deus.

A Providência de Deus é a nossa fortaleza, o nosso escudo e a nossa grande recompensa. É ela que supre a coração e a perseverança dos santos de Deus. Este livro apenas arranha a superfície dos mistérios ocultos na grandiosa providência divina. Possa ele servir como estímulo ao aprofundamento na questão para todos que o tenham lido.

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