Professor de Geologia afirma que laudo do CETEM sobre o arsênio apresenta erros e leva a conclusão enganosa

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Em entrevista ao programa FM Repórter, o Professor Márcio José dos Santos, Geólogo Mestre em Planejamento em Gestão Ambiental contestou o laudo apresentado em audiência pública pelo Centro de Tecnologia Mineral – CETEM, que tem sido utilizado pela Mineradora Kinross e por autoridades para a defesa da atividade mineradora a céu aberto em Paracatu.

Segundo Professor Márcio, “é preciso explicar que o relatório se constitui em duas partes, o primeiro da amostragem, da poeira da mina e outra do exame clínicos e laboratoriais de pessoas, e que há uma grande inconsistência entre os dois relatórios.”  Afirmou.

Ele explica que o relatório omite informações e troca palavras para levar a um entendimento errado dos contaminação que é colocada como “não conformidade.”

“O CETEM indica no próprio relatório, altos índices de contaminação, mas ao invés de deixar isso claro, chama isso de não conformidade, numa tentativa de amenizar o efeito de um problema como se trocando as palavras, pudéssemos tirar o efeito deletério do arsênio.”

No que diz respeito à contaminação da água, Márcio esclareceu diversos pontos do estudo que mostram a contaminação de córregos abaixo da mina e da represa de rejeito, mas que foram minimizados na apresentação.

-“Na bacia do córrego rico, 71% das amostras estão com teor arsênico acima do permitido, no córrego pobre 50%, no córrego do neto, 100%, no córrego Santo Antonio 50%, isso indica que a represa de rejeito está fornecendo uma pluma de contaminação que não vai ser eliminada jamais e a tendência mostrada no próprio estudo é que isso aumente ano a ano.”  Afirmou.

Disse também que a COPASA tem vários poços tubulares ao longo de alguns córregos e por isso, a possibilidade de “que podem vir a ser contaminados, sendo que um deles – localizado no Santana – apresenta 6 ppb de arsênio/L – muito próximo do limite estabelecido, sinalizando alarme.”

Com relação à poeira, afirmou que o CETEM não realizou estudos detalhados e apenas teve um acesso às coletas feitas pela própria mineradora fora do período de grande incidência de poeira. “-A coleta que eles fizeram não coincide com a época de estiagem em Paracatu. Em época de chuva por exemplo não há como medir a poeira e mais ainda, pois não fizeram colega de poeira domiciliar.

Márcio ainda criticou o fato da Mineradora não permitir aos funcionários participassem da amostragem dos estudo, porque segundo ele, a análise mais importante é dos trabalhadores da Mina, que são a parte da população de Paracatu mais exposta ao arsênio. “-Em uma planilha fornecida pela empresa, alguns trabalhadores apresentaram concentração de arsênio na urina superior ao normal, alguns acima até de 30 mg por grama de creatina, 6 vezes acima do normal permitido.”

Ao final da sua entrevista, Márcio Santos, enumerou vários pontos no relatório que mostram que a concentração de arsênio tem uma relação causal entre a atividade de mineração e a contaminação das pessoas, criticou a contratação do CETEM, que já prestou serviços na Mina e classificou de absurdo o fato da pesquisa excluir crianças e pessoas com menos de 40 anos.  “-As crianças são as mais afetadas porque ao longo da vida nós criamos anticorpos e defesa contra uma série de bactérias, micróbios etc., mas as crianças não estão preparadas e estão muito mais expostas, estão sob-risco. É um absurdo isso que aconteceu!  O CETEM não é independente, ele tem as Mineradora como cliente, é uma relação de clientela, por isso tantas conclusões que não tem embasamentos científicos, cheio de erros, falsas conclusões e dados pobres que induzem a uma conclusão inverídica.” Acusou Márcio.

-“Manter essa mina a céu aberto junto da população é inaceitável pois os interesses econômicos não pode estar acima do interesse pela vida. Você não pode trocar empregos por vidas.”  Finalizou.

* O Professor Márcio Silva Santos, é Geólogo, criador do Colégio Soma, Faculdade TECSOMA, Mestre em Administração, Mestre em Planejamento em Gestão Ambiental em 2012, docente da Faculdade FINOM nos Cursos de Engenharia de Minas e de Geologia, nas áreas de hidrologia geoquímica geologia estrutural e sedimentologia.
 
Foto: Gustavo Santana

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