União política para recuperar os estragos provocados pelo CQC

whatsapp-white sharing buttontelegram-white sharing buttonfacebook-white sharing buttontwitter-white sharing button

          A reportagem veiculada pelo Programa Custe o Que Custar (CQC), da Band, se, por um lado, gerou inquietação e revolta em Paracatu, trazendo em seu bojo palpáveis ameaças à sobrevivência, à sustentabilidade e à economia do município, que tem na exploração mineral e na agropecuária dois dos seus principais sustentáculos, por outro está provocando um fenômeno social: forças políticas da cidade, que nem sempre caminharam juntas, estão unindo esforços para que a crônica da morte anunciada não seja tão avassaladora quanto se teme.
          Na reunião da Câmara do dia 16/03, vereadores situacionistas e oposicionistas, direitistas, centristas, esquerdistas e até flamenguistas protestaram contra o conteúdo da reportagem que repercutiu em todo o país. É que o CQC, que junta informação jornalística e humor por vezes debochado no mesmo saco, ao falar sobre a agressão ambiental decorrente da mineração e os riscos à saúde que ela estaria provocando (câncer), disse que só em 2014 exatas 1.153 pessoas teriam sido atingidas por neoplasia no município e atendidas pelo Hospital do Câncer de Barretos (SP). Na verdade, segundo aquele estabelecimento de saúde, 1.153 foram os atendimentos, porém, prestados a 100 pessoas.
          O Programa levou ao ar, em rede nacional, impactantes imagens de pessoas com doenças de pele, informando (o que o Centro de Tecnologia Mineral do Ministério da Ciência e Tecnologia não confirma) serem as enfermidades decorrentes da agressão ambiental por arsênio, sem ouvir os médicos que atenderam aqueles pacientes. Pelo menos um deles, com erupções em todo o corpo, é velho conhecido em toda a cidade, e apresenta o quadro há muito tempo, muito anos antes da chegada da mineradora Kinross Gold Corporation ao Morro do Ouro. Descuido da reportagem ou distorção premeditada? O certo é que informações dessa natureza, prestadas pelo repórter Juliano Dip, causaram forte impacto junto ao mercado consumidor de Brasília, onde os produtos da marca Paracatu têm grande aceitação e ajudam a turbinar a economia municipal e regional.
          Na lista de setores fadados ao prejuízo em decorrência da publicação está também o turismo, “a indústria que não polui” e é uma grande aposta futura. A cidade, que tem o seu núcleo antigo relativamente preservado e foi tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, já vinha colhendo frutos, com seus becos, seus casarões coloniais e seu conjunto arquitetônico único. Quem irá querer visitá-los agora e no futuro? Oásis cultural perdido na imensidão dos antes distantes sertões e veredas de Afonso Arinos e Guimarães Rosa terão esses trunfos, por si só, força para sustentação econômica, social e cultural da cidade quando aqui chegar o fenômeno da exaustão mineral já anunciado?
          Essas preocupações já assombram os vereadores e outras lideranças comunitárias, políticas e econômicas. E também já estão provocando a união até mesmo dos contrários, conforme se viu na Câmara. O que é um bom começo…
 
Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira

 

XMCred Soluções Financeiras
whatsapp-white sharing buttontelegram-white sharing buttonfacebook-white sharing buttontwitter-white sharing button