Arquimedes Borges: de acusado a vítima?

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          Dependendo do desfecho que as acusações contra ele tiverem na justiça, e se isso acontecer logo, o ex-prefeito Arquimedes Borges, do PTB, poderá ser transformado num forte concorrente ao Paço Municipal nas eleições do ano que vem. Ele é acusado pelo delegado Alex Freitas, da Polícia Civil de Belo Horizonte, de ser um dos mandantes do assassinato de Eustáquio Porto Botelho, ocorrido em setembro 1.995.   Mas os seus advogados rechaçam a acusação. E Arquimedes, se for bem sucedido na justiça, vestirá  um figurino novo, que os acontecimentos, com um empurrãozinho dos seus chegados,  estão a alinhavar: o de  perseguido político. Todo mundo sabe  o que esse apelo emocional significa.

          É até uma ironia. Desde a sua estréia na política, Arquimedes foi demonizado pelos seus adversários, com lances que variaram de trágicos a pitorescos. Acusaram-no, nas eleições de 1988, de adicionar água ao leite;  e, rasteiramente, de não gostar “de preto e de pobre”! Vitorioso no pleito, realizou uma administração moderna e  consagradora. Mas foi depois, por ter dado motivo,  acusado de perseguidor,  tendo ato do seu governo reconhecido como tal pela Justiça do Trabalho: determinou que o servidor municipal Edgar Caldas fosse trabalhar como auxiliar de coveiro, porque o funcionário, exercendo a função de vereador do  extinto PDC, estava fazendo oposição à  administração.

          Ao final do seu governo, Arquimedes indicou o seu tio, Manoel Borges, candidato oficial à sua sucessão. Inconformada, parte do seu grupo debandou e lançou a candidatura do seu vice, o Dedé da Farmácia, a prefeito pela oposição. Borges, aí,  experimentou  uma metamorfose no tratamento. Passou  a ser acusado também pelos antigos companheiros de rancoroso, prepotente, centralizador, traidor, perseguidor, “macumbeiro”, “reizinho”. Quando, após o mandato do seu tio e sucessor,   Arquimedes tentou voltar ao Paço, enfrentou a concorrência do jovem deputado Almir Paraca, que fez o papel de vítima durante a campanha inteira; e de um  PT combativo e ainda sem os vícios e denúncias de corrupção que hoje abundam no nível nacional. Perdeu a eleição, apesar de pesquisas de opinião apontarem mais de 85% de aprovação popular ao seu primeiro governo e de ter sido ele um dos melhores prefeitos Brasil.

           Arquimedes só devolveria a derrota quatro anos depois. O PT, em que pese estar com a máquina municipal na mão, cometeu o erro de calçar um sapato de salto alto: “o jeito é dar outra surra no reizinho de novo”, disse a um repórter, todo confiante, o prefeito Almir Paraca, inaugurando a  disputa da reeleição dos ocupantes do Poder Executivo, instituída a partir de então. Almir era apresentado na campanha como o bom rapaz, o menino humilde,  incapaz de fazer o mal a quem quer que fosse. Arquimedes, pintado com tintas  contrárias, só ganhou, por pouco,  porque o governo  petista não havia agradado a população.

           Agora, Arquimedes e sua defesa refutam com veemência as acusações do delegado Alex de Freitas Machado. Dizem que aquela autoridade esteve em Paracatu apenas uma semana;  que, “mentindo”, por ter sido “enviado sob encomenda”  pelos desafetos políticos  que têm raiva dele por ter priorizado os pobres e humildes como prefeito e ter obtido 42 mil votos como candidato a deputado federal, indiciou o ex-prefeito como mandante. De repente, sem nada de novo acrescentar ao inquérito que já caminhava para os 20 anos. Ainda pediu a prisão do ex-prefeito – coisa que não fez a Polícia e nem o Ministério Público, por inexistirem indícios de culpabilidade e por ser ele  pessoa de bem. Por que isso só foi feito agora, de uma hora pra outra? – indagam.   

          Não se discute aqui se Arquimedes Borges é inocente ou culpado. Caberá à justiça fazê-lo.  O fato político é que ele,  execrado e colocado no papel de perseguidor, foi um adversário forte, por duas vezes imbatível. Que acontecerá se, absolvido,  passar a ter a seu favor as mesmas armas que foram utilizadas contra ele? Feita a pergunta a um assessor de longa data, este disse: “Mas ele não quer e não vai disputar mais o cargo de prefeito”. Faltou acrescentar: “Acredite se quiser”.    

Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira.
 

 

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