"Com os ouvidos eu tinha ouvido falar a teu respeito;
mas agora os meus olhos te veem."
(Jó 42.5)
É possível ao crente hoje, ter uma experiência de Deus como a que teve Jó, que saiu do campo da mera abstração para a mais concreta prática? É possível, no tempo presente, ver a Deus, como este texto parece nos dizer? Bem, estas são questões muito profundas, de maneira que, neste pequeno espaço, seria pretensão minha ao menos tentar respondê-las.
No entanto, o que sabemos do Deus revelado nas Escrituras é que, muito embora puro espírito e, portanto, transcendente, ele é, também, imanente, ou seja, está profunda e especialmente envolvido com a história humana, agindo de maneira direta, intervindo na vida dos seres humanos, ao ponto de ouvir a sua aflição, libertando-o da escravidão (Ex 3.7-8). Assim, muito embora não possamos vê-lo tête-à-tête, como vemos uns aos outros, podemos conhecê-lo através das Sagradas Escrituras, que é a sua Palavra revelada aos homens, a respeito de si mesmo e de sua relação para conosco.
A sua Mensagem nos leva a concluir que a experiência de Deus se dá, não como imaginavam os místicos medievais, que se afastavam do mundo e se recolhiam a uma vida cenobítica, numa clara rejeição à realidade terreal; esta experiência se dá no aqui-agora, como homens e mulheres inseridos no mundo do trabalho, da família e da congregação dos crentes.
Jó teve essa experiência de Deus, indo desde uma vida próspera e feliz junto aos seus, ao ponto diametralmente oposto, quando experimentou a miséria, a doença, a dor e o desprezo daqueles que se diziam seus amigos de primeira hora. E, ainda assim, não sucumbiu, conservando a fé e a amizade de Deus. Talvez, por essa razão, tenha dito que "antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos."