Paracatu e a arquitetura que se perdeu com o pseudo progresso

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Paracatu (MG) – 08/11/2013 – Muitos podem até ignorar quão rica foi a arquitetura de Paracatu até a primeira metade do século XX, em que existira por aqui um conjunto em sua grande maioria intacto e fiel a sua história. Lamenta-se, contudo, que a partir de 1950 a imponência da cidade histórica tenha dado lugar ao pseudo progresso de origem candanga – defenderiam alguns! – que culminara com alterações inconcebíveis de toda ordem.

Quando se observam as fotografias antigas da cidade, os sentimentos que surgem são no mínimo de perda e de tristeza com relação ao patrimônio que aqui subsistira, isto porque se a história fosse o contrário, ter-se-ia por aqui um esplêndido laboratório a céu aberto para a educação patrimonial e para o turismo, não fossem é claro o desconhecimento e a irrelevância com que foi tratada a preservação da cidade no século passado.

As ruas e becos possuíam características bem peculiares às cidades do Brasil colônia: Calçadas à pedra e afuniladas ao centro, onde também se encontravam encravados os postes de madeira para a iluminação. De acordo com o escritor Antônio de Oliveira Mello, em seu livro Paracatu do Príncipe: Minha Terra (1978), foi na gestão do Prefeito Wladimir da Silva Neiva (1959-1963) que se “remodelou a Praça da Matriz” e que se deu início ao asfaltamento de diversas vias.

É fato que quase a totalidade dos logradouros do município sofreu intervenções desastrosas, como a pavimentação asfáltica sobre as ruas antes calçadas à pedra e a demolição de sobrados e casarões para cederem espaço à construção de novas casas e vias. O sobrado da Casa de Câmara e Cadeia, existente em diversas cidades brasileiras, aqui não resistiu muito tempo e foi demolido em 1935, de acordo com registro do Professor e memorialista Olímpio Michael Gonzaga.

No panorama atual, convive-se sobremaneira com vários entraves quando o assunto é preservação do patrimônio histórico, entre eles, a escassez de recursos para esse fim, obras irregulares, tráfego de veículos pesados e a falta de fiscalização mais freqüente e rígida no Núcleo Histórico de Paracatu. Há quem diga que a irrelevância com que o assunto é freqüentemente encarado decorre, em parte, em virtude de as atenções estarem concentradas em áreas mais rentáveis no momento, como é o caso da mineração.

Para uma Paracatu que se pretende evoluir sem perder de vista suas origens, sua sustentabilidade e suas qualidades de cidade histórica, é razoável afirmar que onde havia rua, beco e largo calçados à pedra, é indispensável pensar nas possibilidades de um retorno a essa arquitetura verdadeiramente colonial e resgatar assim o que se perdeu na confluência de interesses desvinculados da memória de um povo.

(*) Carlos Lima é graduado em Arquivologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), é Pós-Graduado em Oracle, Java e Gerência de Projetos, é consultor em organização de arquivos e memória empresarial e exerce a função de Arquivista do Arquivo Público Municipal de Paracatu.

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