"Somos arruinados pela ira e dominados pela raiva,
mas quem pode sobreviver à inveja".
(Pv 27.4)
A inveja tem sua raiz no desejo mimético: ou seja, invejar aquilo que é de outrem é, também, desejar o que não nos pertence. Moisés, inspirado por Deus, tinha plena consciência do perigo que isto representava para o povo hebreu, pois é assim que encerra o Decálogo: "Não cobicem a casa do próximo, nem sua esposa, seu escravo, sua escrava, seu boi ou jumento. Não ponham o coração em nada que pertença ao próximo” (Ex 20.17).
A motivação para boa parte dos assassinatos que veem acontecendo tem sua origem na inveja. Somos, essencialmente, invejosos. Mesmo antes da Queda, é a vontade de ser como Deus, ou de invejar o Eterno, que motivou nossos pais primevos a pecarem, comendo da árvore do conhecimento do bem e do mal. Foi, também, a inveja que levou Caim a se lançar contra o seu irmão Abel, assassinando-o covardemente.
Homem e mulher, indistintamente, trazem dentro de si uma forte tendência à perversão e à rebeldia, de modo que, quase sempre, não resistem à inveja, nem à cobiça, caindo invariavelmente nas armadilhas do desejo. Por desejar o que não lhe pertence, o Homem rouba, pratica assaltos, assassinatos e tudo o mais.
Os crimes passionais são um capítulo à parte na história da inveja, da cobiça e do desejo mimético. A história tem-nos mostrado que, tanto homens quanto mulheres, são capazes das piores e insanas atrocidades quando se sentem rejeitados ou trocados pela pessoa que amam.
Sou dos que crêem que é possível, sim, fugir da inveja e da cobiça, que é o desejo mimético em sua forma perversa. Mas acredito, de outro modo, que, por nós mesmos, somos incapazes de tal superação, e que só existe um caminho seguro a seguir: imitar a Jesus de Nazaré, o Filho de Deus.
