Memória e História da Diocese de Paracatu

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A memória mantém a história de um povo. A história preserva-lhe a identidade. Por oportuno e útil, anotamos a seguir os principais registros do passado de nossa Igreja Diocesana, trazendo para a atualidade uma história de muitas lutas, sofrimentos e vitórias que enriquecem um passado que não podemos esquecer e com o qual nos identificamos.

Os inícios de Paracatu se perdem na madrugada dos tempos. No período colonial, o surgimento de povoados ocorreu geralmente em torno de simples capelas ou singelas ermidas de palhoça erguidas pelos seus primeiros moradores. Paracatu não fugiu à regra. Em volta de um tosco marco de fé surgiu o pequeno povoado. 
No caso de Paracatu, um pormenor não pode passar despercebido: o ouro. Que surpresa! Ali, não muito longe da confluência dos córregos São Luiz e Sant´Ana, o ouro jazia quase à flor da terra. A notícia da dadivosa presença do cobiçado metal atraiu muita gente, entrelaçando numa natural simbiose a garra do vaqueiro andejo e o sonho de fácil enriquecimento de muitos aventureiros.

08 de fevereiro de 1755: um Alvará de Dom Francisco Xavier de Aranha, Bispo Coadjutor de Olinda, deu por canonicamente erigida a Paróquia de Santo Antônio da Manga do Paracatu. Mas, desde os idos de 1750, atuava nessa Igreja a figura controvertida, polêmica e um tanto folclórica do Pe. Antônio Mendes Santiago, realizando aí batizados por iniciativa própria.

No seu passado, Paracatu viveu dias de glória e esplendor. Foi rica, culta e soberba. Criou uma sua cultura toda peculiar. Mereceu da posteridade uma tarja negra nas páginas de sua história pelo crime de acentuada escravatura, que até hoje marca seus moradores.

A Vila do Príncipe de Paracatu (na época, equivalente a município) foi criada em 20 de outubro de 1798. O atual Noroeste de Minas era praticamente a Vila de Paracatu. 
Nos primórdios do século passado, já com diversos povoados na região, os fiéis começaram a sonhar com a criação de uma Diocese nessa área, tendo como sede o município de Paracatu. Aos poucos, o sonho foi se firmando, foi tomando pé e se transformou numa grande expectativa popular.

1º de março de 1929. Paracatu ouve emocionada a auspiciosa notícia: o Santo Padre Pio XI, pela Bula pontifícia “Pro munere sibi divinitus”, cria a Prelazia Nullius de Paracatu, confiada aos Padres da Ordem Carmelita da Antiga Observância, da Província Fluminense de Santo Elias, popularmente conhecidos e chamados de Carmelitas.

27 de abril de 1929: foi nomeado Administrador Apostólico da Prelazia Frei Eliseu van der Weijer 0. Carm., que tomou posse a 04 de agosto do mesmo ano, simultaneamente com o ato de instalação canônica da Prelazia. Dom Eliseu governou a Prelazia por 33 anos.
14 de abril de 1962: pela Bula “Navis gubernationi”, o Santo Padre João XXIII eleva a Prelazia à categoria de Diocese. Ocorre então a renúncia de Dom Eliseu.

26 de agosto de 1962: na cerimônia de instalação da Diocese, Dom Raimundo Lui 0. Carm., sucedendo a Dom Eliseu, toma posse então na qualidade de 1º bispo diocesano.

1º de março de 1963: os distritos de Arinos e Formoso – pertencentes então a São Romão – foram emancipados e constituídos municípios. Antes mesmo, enquanto eram distritos de São Romão (que foi desmembrado da Prelazia de Paracatu e incorporado à Diocese de Januária), Arinos e Formoso eram assistidos religiosamente pelos Carmelitas da Prelazia de Paracatu. Assim, depois que foram emancipados politicamente, a Sagrada Congregação Consisterial, a pedido dos bispos de Paracatu e de Januária, pelo Decreto “Maiori Animarum”, de 20 de janeiro de 1964, separou os dois municípios da paróquia de São Romão, anexando-os à Diocese de Paracatu. A anexação passou a vigorar a partir de 1º de maio de 1964.

Um pouco antes, em 1962, a Santa Sé criou a Província de Uberaba; a Diocese de Paracatu, até então sufragânea de Diamantina, foi constituída sufragânea da Província de Uberaba. Isso durou pouco tempo. A partir de 28 de outubro de 1966, a Diocese de Paracatu, a pedido do Sr. Arcebispo de Brasília, tornou-se sufragânea da Província Eclesiástica de Brasília.

Por motivos pessoais, D. Raimundo Lui 0. Carm. renunciou ao governo da Diocese antes da idade canônica, em agosto de 1977. Foi nomeado Administrador Apostólico D. Jorge Scarso, então Bispo Diocesano de Patos de Minas.

29 de março de 1979: foi nomeado o segundo Bispo Diocesano de Paracatu, o Carmelita Dom José Cardoso Sobrinho, que tomou posse no dia 15 de agosto de 79. Em 1985, Dom José Cardoso foi promovido a Arcebispo de Olinda e Recife, continuando como Administrador Apostólico até 14 de setembro de 1986, quando tomou posse o atual Bispo Diocesano, Dom Leonardo de Miranda Pereira, primeiro bispo não carmelita a assumir o governo da Diocese.

No passado, o Noroeste de Minas foi pouco evangelizado. Há várias explicações. Algumas de ordem histórico-cultural e geográfica. Nossa história foi cheia de vicissitudes e dolorosas ocorrências políticas e religiosas, envolvendo eclesiásticos que nem sempre primaram por atitudes dignas e evangélicas. Não era para menos. Durante muito tempo, toda essa região pertenceu à então diocese de Olinda, cujo território, de limites pouco precisos, se estendia à esquerda do rio São Francisco “deserto adentro”, mantendo distanciados bispos e eclesiásticos. Estes viviam e se viravam como podiam, às vezes, sem maior compromisso com os deveres religiosos e com a condição de vida sacerdotal.

A Diocese de Paracatu, hoje, é pouco menor que a área total do Noroeste de Minas. Possui uma extensão de 57.000 km2 aproximadamente, aí incluída a paróquia de Riachinho. A Diocese é constituída de 15 municípios, 24 paróquias e uma Quase-paróquia. De baixa densidade demográfica, sua população, de acordo com o Censo de 2010, perfaz um total de 327.300 habitantes.

A atual realidade socioeconômica e religiosa de nossa Diocese é um retrato perfeito e completo da sociedade brasileira e uma amostragem bem real de nossa mineiridade. É um mosaico emoldurado por sombras e luzes. Temos um pouco de tudo, do bom e do ruim. Nem tudo são sombras. Nem tudo são luzes. Na verdade, em nada diferente da realidade brasileira.

A Diocese é toda marcada por desigualdades sociais, com forte concentração de renda e alto índice de desemprego. É grande o número de famílias monoparentais ou mesmo desestruturadas. Há muito registro de gravidez na adolescência. As marcas de muitos vícios estão por toda a parte: droga e alcoolismo, violência e vadiagem e até a prática de exploração do trabalho infantil. É crônica a deficiência de assistentes sociais qualificados. A saúde da população de baixa renda, a segurança pública e o atendimento escolar, em algumas áreas, deixam muito a desejar.

Contudo, temos também um lado positivo de nosso viver e de nossa história. Uma história longa e bela. Tecida de sorrisos e lágrimas. Escrita por santos e pecadores. Nela encontramos grandeza e mesquinhez. Heroísmo e covardia. Grandes virtudes em meio a vícios lamentáveis. Heróis e mártires são sempre lembrados e mesmo venerados, até mesmo nas rodas de irreverentes incrédulos e debochados anticlericais. Como o efeito dos contrastes num grande mosaico ou numa tela ressalta a obra de arte e consagra o artista, assim também os defeitos, as fraquezas ou qualquer outra inconveniência dos filhos desta Diocese mais ainda realçam a valiosa história de fé, de implantação da cruz de Cristo, de incansável evangelização, de preservação do sentimento cristão de nossa gente, de proteção dos valores morais na família, enfim de promoção de toda uma arte e cultura religiosas características do noroeste.

Assim, de forma sintética, olhamos nosso passado. E o presente? “Paracatu não é mais aquela…”, escreveu Pio Baars 0. Carm. no seu opúsculo “CARMELITAS – 50 anos no Noroeste de Minas”. É verdade. Mas o mesmo se diga de toda a Diocese. Nossa Diocese não é mais aquela… Sua fisionomia religiosa e pastoral é hoje outra, totalmente outra. O lado religioso avançou consideravelmente. Melhorou muito a consciência religiosa e participativa dos leigos, comprovada pela crescente expansão e destacada atuação das Comunidades Cristãs, marca inconfundível de nossa Diocese. O mesmo se pode afirmar dos movimentos, associações religiosas e serviços pastorais. Podemos fazer uma citação que não é exaustiva e lembrar a Pastoral da Criança (que já figurou várias vezes nos primeiros lugares em Minas Gerais), a Pastoral do Menor, a Pastoral da Juventude, a Pastoral Carcerária, a Pastoral Bíblica, a Pastoral Vocacional, a Pastoral Familiar com grande destaque para o ECC – Encontro de Casais com Cristo, a Pastoral do Dízimo, a Pastoral Litúrgica, os Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística etc. e outras iniciativas de grande alcance social coordenadas pela Cáritas Diocesana de Paracatu, uma das mais destacadas no Regional Leste II.

Nosso Presbitério diocesano consta de 42 sacerdotes presentes e mais quatro (dois servindo a outras dioceses e dois licenciados do ministério). Conta ainda com 12 Diáconos Permanentes. Dois ramos de Religiosas atuam na Diocese, com grande e destacada dedicação.

Agora, nos perguntamos: como olhamos para o futuro de nossa Diocese? Sem muita ingenuidade ou excessivo otimismo, tendo presentes os sérios motivos de preocupação ante o desafio pastoral da hora presente, olhamos para o futuro com alegria e esperança, confiados em nossa história passada que nos mostra um saldo positivo de boas realizações bem alentador. Anima-nos as palavras de Jesus: “avancem para águas mais profundas” (Lc 5,4). Conforta-nos o olhar de respeito e admiração que a sociedade paracatuense tem pela Igreja Diocesana e sua trajetória histórica. Sabemos que o desafio é grande. É justamente a emoção do desafio que nos impele a avançar, avançar, avançar sempre mais, para que sejamos para o mundo sinal de salvação.

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