Denominado Culminância do Programa de Arqueologia do AHE Batalha, o evento, organizado pelo Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) e apoiado pelos parceiros Furnas Centrais Elétricas S.A, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pela Prefeitura Municipal de Paracatu, aconteceu nesta terça-feira (1º) na Casa de Cultura de Paracatu com grande estilo e ampla participação de toda a sociedade local, inclusive representantes de comunidades quilombolas, autoridades diversas e empresários.
A recepção aconteceu com um delicioso café da manhã a moda da casa (com pão de queijo, chá e café) e então foi aberta a Culminância do Programa com as palavras do Diretor-Presidente do IAB e também professor, o senhor Ondemar Dias, que discorreu sobre a trajetória do Instituto ao longo de mais de 41 anos de atuação nacional e internacional, destacando a instituição como a primeira a efetuar a arqueologia de salvamento no Brasil, a exemplo da cidade Parati, no Rio de Janeiro, em 1968.
Logo em seguida, foi a vez do Gerente de Furnas, Sr. Rinaldo Marques, destacar a importância de a Empresa patrocinar o programa em que foram desenvolvidas atividades em Arqueologia, Educação Patrimonial e Estudos de Patrimônio Imaterial no AHE Batalha.
A gerente de projetos do IAB, Sra. Jandira Neto, deu sequência ao evento, destacando Furnas Centrais Elétricas como cliente do Instituto e como tal, proporcionador de benefícios para a cidade de Paracatu, que recebe desde então produtos arqueológicos provenientes de pesquisas efetuadas nos recursos naturais da região, o que foi classificado por ela como um “resgate” por meio da “salvação” com fotografias, filmes e monitoramento.
De acordo com Jandira, foram identificados na região, entre outros, 21 sítios arqueológicos e o mapa antigo em que constava os caminhos dos tropeiros entre Minas Gerais e Goiás, documento este de grande relevância para a memória do povo de Paracatu e para a pesquisa histórico-científica. Os trabalhos também propiciaram a catalogação da obra de Benedito Cirilo, um artista naife (sem preparação acadêmica) da região, e a realização de curso de educação patrimonial no Quilombo ou Arraial de São Domingos.
Vários depoimentos sobre a interação do IAB com a comunidade local foram dados na ocasião, a exemplo da Sra. Magna, do quilombo S. Domingos, que disse “O IAB me ensinou e me ensina a amar mais o nosso quilombo”. Já Dario Alegria, Diretor do Museu Histórico e Presidente do Movimento Fala Negra, lembrou a importância do Córrego Rico para o Bairro Paracatuzinho. O Arquivista Carlos Lima, também coordenador do Arquivo Público Municipal e este que voz escreve, destacou o seu Projeto de Higienização e Restauração dos documentos do Fundo Tribunal Eclesiástico, datados a partir de 1723, que está sendo executado graças a doação feita pelo IAB no valor de R$ 12.000,00, para a compra de matérias e equipamentos específicos para tal fim. Também deram seus testemunhos acerca do IAB a Dona Luizinha, como é conhecida, que parafraseou sobre a culinária local, a hospitalidade do povo de Paracatu e os seus costumes, o Sr. Antônio (Ioiote), a Sra. Almira, professora na área de artesanato, a servidora municipal da Secretaria de Cultura Jane Chagas, que desempenhou o papel de pesquisadora no programa AHE Batalha, as professoras Rosilene e Sônia da comunidade do Jambeiro e o garoto Romário (15 anos), do quilombo São Domingos.
Os produtos do Programa de Arqueologia do AHE Batalha foram representados sob a forma de kits com vídeo, cd, jornal e portfólios, que foram entregues a todos os homenageados e participantes.
Presente no evento, o Prefeito de Paracatu, Vasco Praça Filho (Vasquinho), fez questão de destacar que “um país não vive sem educação, e o IAB veio para reforçar a educação imaterial” no município e na região, e “fez mais do que o fruto de um trabalho”. Vasquinho ainda mencionou sua felicidade em ver a cidade crescendo horizontalmente (mais casas, e menos prédios), o que propicia a preservação do Núcleo Histórico, capaz de atrair turistas de Brasília, Belo Horizonte e outras cidades. O prefeito destacou ainda sobre a importância de forma-se uma consciência coletiva sobre a conservação do casario antigo e lembrou do papel do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico (COMPHAP), que fiscaliza inclusive o atos de proprietários que, por exemplo, destelham casas históricas para resultar em sua destruição pela ação das chuvas e outros.
O Grupo Aedos e Violeiros abrilhantou o evento com a interpretação do Hino a Paracatu, composto por Agenor e João Duarte. Em seguida foi aberta a exposição de artesanato, banners, vídeos e comidas típicas da cidade e o encerramento dessa primeira parte do evento aconteceu com um delicioso almoço com frango caipira e outras iguarias da região. A programação continua nesta quarta-feira (2), a partir das 8h00 com Ciclo de palestras sobre Arqueologia às 9h00, Oficina de Educação Patrimonial às 14h00, Palestra sobre Estudo de Patrimônio Imaterial às 15h00.
Colaboração: Webreporter Carlos Lima (Arquivista DRT-BA 170)
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