"O seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo."(Gn 4.7c)O ser humano é, via de regra, movido pelo desejo. Para René Girard, no entanto, todo desejo é mimético. Ou seja: desejamos por imitação, ainda que não tenhamos plena consciência disso. Os publicitários do mundo contemporâneo são os grandes especialistas em nos levar a desejar tudo aquilo que está à nossa volta: carros, roupas de grife, produtos de beleza, jóias, celulares, tabletes, e mais uma infinidade de quinquilharias que o mercado nos oferece.
Há, todavia, que se abrir um parêntese aqui para evidenciar o lugar que a mulher exerce nesta sociedade de consumo, uma vez que ela emerge como a consumidora por excelência: plásticas, alisamento artificial dos cabelos, silicone por todo o corpo; corpo que tem que ser "perfeito" aos olhos de homens cada vez mais exigentes e vaidosos. Destarte, a mulher transformou-se num simples objeto de desejo, como tudo o mais da sociedade de consumo.
Hoje, mais do que em qualquer outro período da história, a humanidade vive quase que inteiramente voltada para o consumo e o exibicionismo. Somos a tal ponto obcecados em consumir, que a própria vida do Planeta está em perigo — a ponto de não suportar mais tanta exploração —, em nome do desenvolvimento e do bem-estar de não mais que 10% dos seus habitantes.
O que o Cristianismo tem a dizer a respeito destas questões? Ainda é possível falar de uma ética cristã em meio a um mundo paganizado e coisificado como o nosso? Devemos, os cristãos, simplesmente nos igualar aos demais e nos secularizar completamente para não correr o risco de sermos tachados de antiquados e obtusos? Ou é mister dominar nosso desejo desenfreado de consumo e buscar no Cristo a expressão derradeira e o modelo por excelência no qual devemos nos espelhar? Pense nisso.
