Eleição de S. Matias: Corresponsabilidade Participativa

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Foi maravilhosa a celebração da “trezena” de Nossa Senhora de Fátima, em Paracatu. Essa alegre e piedosa comunidade, já de longa tradição, sempre comemora no dia 13 de maio sua Padroeira. Mas a celebração deste ano teve um significado especial: foi uma celebração paroquial. Por ser agora sede da mais recente Paróquia criada em Paracatu, a comemoração da Padroeira se deu em âmbito paroquial. Foi realmente algo maravilhoso. Com isso, a pequena, humilde, mas fervorosa Comunidade de S. Matias não teve condição de celebrar seu padroeiro no dia seguinte, 14 de maio. Contou, porém, com a Santa Missa, que nunca falta na segunda-feira, por mim celebrada.            

Por feliz coincidência, deu justamente no dia da celebração litúrgica de S. Matias. Os fiéis lotaram a pequena Capela. Iniciando minha homilia, surpreendi os fiéis com essa pergunta:

– quem sabe me dizer em que dia da semana caiu o dia 14 de maio há 26 anos atrás?

Claro que a resposta só poderia ser negativa. Para a resposta só mesmo recorrendo a um calendário de 26 anos atrás. E ficaram intrigados, certamente, quando declarei: – há 26 anos atrás, o dia 14 de maio caiu numa quarta-feira. E repeti duas e três vezes.

Todos me olhavam admirados. Talvez perguntassem: como o senhor sabe? E o que isso tem a ver com nossa comunidade e com nosso Padroeiro, S. Matias?
– Sei com absoluta certeza; e isso tem a ver com nosso S. Matias, respondi. Se não, vejamos.

E comecei por uma informação que aparentemente nada tinha a ver com o dia 14 de maio. Disse que nomeação de bispo só sai às quartas-feiras. Não sei justificar por que é assim, mas (pelo menos para nós no Brasil) nomeação de bispo só sai nas quartas-feiras. E fui dizendo bem devagar:
– há 26 anos atrás (era o ano de 1986), numa quarta-feira, 14 de maio, por volta das 9h 00 no Brasil (lá em Roma, dada a diferença de fuso horário, era meio-dia), a imprensa do Vaticano pelo seu jornal diário OSSERVATORE ROMANO comunicava oficialmente que o Santo Padre João Paulo II nomeava o pequeno pároco de Guanhães MG, um tal de Padre Leonardo de Miranda Pereira, para bispo de Paracatu.

Percebi a reação de alegria e surpresa no rosto dos fiéis que me ouviam atentamente. E fui acrescentando que, por esse motivo, sempre me vejo ligado a S. Matias, pois fui nomeado bispo no dia do Padroeiro dessa querida comunidade. Daí passei para o nível de uma verdadeira homilia. Tomei o texto litúrgico da 1ª leitura da Missa de S. Matias, que fala exatamente da “eleição” ou escolha e sorteio de S. Matias para suceder a Judas no grupo “dos 12”, conforme vem relatado nos Atos dos Apóstolos. A eleição do Apóstolo S. Matias é um exemplo de “corresponsabilidade participativa”. Pedro toma a iniciativa, mas não decide nem impõe. Não poderia faze-lo? É claro que sim. Porém, preferiu outro caminho: o caminho da corresponsabilidade participativa, isto é, a comunidade também tem sua responsabilidade e participação numa decisão tão importante. E a Comunidade, por sua vez, não se omite. Todos participam. “Eles apresentarem dois nomes: José, chamado Barsabás, que tinha o apelido de Justo, e Matias” (At, 1, 23). Em seguida, todos se entregaram à oração e depois lançam a sorte. “A sorte caiu em Matias, o qual foi juntado ao número dos onze apóstolos” (At 1, 26).

Isto acontece até hoje, quando se trata da indicação, escolha e nomeação de um bispo em nossa Igreja Católica. Somente o Papa nomeia bispos. Porém, muita gente é consultada. Ao Papa chegam dados de muitos informantes. O Papa os ouve primeiro, mediante os serviços da Sagrada Congregação para os Bispos. Por exemplo, no caso da indicação de meu sucessor.

Tenho certeza (pela minha experiência e pela vivência de quase 26 anos de bispo) de que a CNBB já terá sido consultada. Certamente nosso querido “Donzão” – Dom Benedito – deve ter sido consultado. Os bispos do Regional Leste II já foram consultados, particularmente os bispos da Província de Montes Claros. Os membros do Colégio de Consultores (são seis sacerdotes de nosso Presbitério Diocesano) também já foram consultados. Dessa forma, embora sob a modalidade de hoje, vinte séculos depois da eleição de S. Matias, o processo de “corresponsabilidade participativa” perdura em nossa Igreja, quando se trata – entre outras coisas – da indicação e nomeação de um bispo católico.

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